Depois de apresentar alta de 0,38% na auferição de julho, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) caiu 0,42% no período verificado entre 11 de agosto e 10 de setembro. Contudo, o movimento de deflação não deve se repetir nas próximas divulgações, segundo afirmou ontem o professor da Fundação Getulio Vargas e coordenador do levantamento, Salomão Quadros.
"No intervalo dos dois meses foram verificadas fortes quedas nas cotações de produtos agrícolas de comercialização ao mercado externo. Soja e milho, por exemplo, já estão com um movimento de elevação lá fora, o que não deve demorar muito para ter efeito no Brasil", avaliou o acadêmico. De qualquer maneira, Quadros considera que ainda é muito cedo para avaliar se o fortalecimento da crise internacional, situação verificado nos últimos dias, contaminará as próximas pesquisas. "Se, por um lado, a turbulência internacional e o desaquecimento da economia mundial devem reduzir os preços das commodities - o que ajudaria a manter o índice de inflação sob controle - por outro, a taxa de câmbio pode subir e acabar compensando essa queda", avaliou. Mas, ao menos por enquanto, uma tendência parecer certa: o IGP-10 não voltará a registrar as fortes altas verificadas recentemente. "O comportamento não será nada parecido com o verificado na primeira metade do ano", concluiu.
O Índice de Preços por Atacado (IPA), que compõem parte do IGP-10, passou de alta de 0,25% em agosto para queda de 0,75% em setembro. A principal contribuição para o movimento veio do subgrupo Alimentos Processados, com movimento de 0,68% para -0,28% no intervalo de tempo.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também apresentou deflação, caindo 0,03% em setembro, após apresentar alta de 0,36% em agosto. Dos sete componentes do índice, três apresentaram retração, com destaque, mais uma vez, para a Alimentação: de 0,13% para -1,06%. Os grupos Habitação e Saúde de Cuidados Pessoais tiveram desaceleração na alta, passando de, respectivamente, 0,77% para 0,45% e de 0,57% para 0,38%.
Por fim, o Índice Nacional de Custo de Construção Civil (INCC), último componente do IGP-10, subiu 0,94% em setembro, ante alta de 1,43% verificada em agosto.
Veículo: DCI