A crise global das hipotecas subprimes, que encarece o crédito, ainda não teve qualquer impacto nas taxas de crescimento do mercado de cartões. Se beneficiando da força da economia doméstica e do processo de migração de meios de pagamento, os cartões mantêm crescimento superior a dois dígitos tanto em número de plásticos emitidos quanto em volume movimentado. A expectativa para outubro - mês importante para o consumo por conta do Dia das Crianças - é muito positiva.
A estimativa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (Abecs) é de que, em outubro, o consumidor gaste via cartão R$ 33,6 bilhões, um avanço de 24% sobre o volume registrado em igual período do ano passado. "Outubro é um mês muito importante para o mercado de cartões e acredito que seja, em 2008, o terceiro melhor mês, perdendo apenas para novembro e dezembro, por conta das compras para o Natal", avalia Marcelo Noronha, diretor de comunicação da Abecs.
Eventuais reflexos da crise global de liquidez, que afeta o crédito, segundo Noronha só poderão ser medidos adequadamente daqui a alguns meses. "O setor de cartões cresce baseado em três pilares, expansão da economia, migração dos meios de pagamento e, claro, avanço do crédito", explica o executivo. "Apesar de uma piora no crédito, as vendas no comércio estão fortes e o consumidor continua substituindo o cheque e dinheiro pelo cartão, ou seja, estes fatores podem compensar em parte os efeitos dos juros mais altos e garantir o contínuo crescimento do setor."
Dados da Abecs confirmam que, ao menos por enquanto, os cartões seguem em forte crescimento. A estimativa da associação é que, no acumulado entre janeiro e setembro, o mercado chegue a 481 milhões de plásticos em circulação, número 14% superior a igual período do ano passado. Em volume transacionado, o setor deve fechar setembro com um acumulado de R$ 273 bilhões, avanço de 24%.
Das três modalidades de cartão - de loja, crédito e débito - a que apresenta a maior expansão no ano em número de plásticos é private label, emitido por lojas de varejo. São hoje 163 milhões de cartões de loja, com um avanço de 19% no acumulado do ano. Em segundo lugar, vem os cartões de crédito, com crescimento de 18% para 106 milhões, seguido pelo débito com alta de 8%, para 213 milhões de unidades.
Já em termos de faturamento, os cartões de débito avançaram 30% sobre 2007, com R$ 77,5 bilhões transacionados. O segundo maior crescimento foi registrado pelos cartões de crédito, com avanço de 22% e R$ 157,5 bilhões movimentados, seguido pelos private label, alta de 19% e um faturamento ao longo deste ano de R$ 38 bilhões.
Além de não ter sido afetado pelo encarecimento das linhas de crédito, o desempenho do setor de cartões este ano está superando as estimativa da Abecs. "Nós começamos o ano acreditando numa alta de 20% no faturamento via cartões, mas ao longo tempo tivemos de fazer revisões para cima em nossa estimativa", diz Noronha, que também é responsável para área de cartões do Bradesco. "O setor está muito bem, tem espaço para crescer substituindo o uso do cheque e do dinheiro, o que deve garantir a manutenção das taxas atuais de alta."
Veículo: Gazeta Mercantil