Crise facilita a importação de produtos

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Com a retração em outros países, varejista brasileiro é cortejado, ao contrário do que ocorreu em 2008

 

A retração no consumo no mundo por causa da crise financeira internacional não só derrubou os preços em dólar dos alimentos e de outros itens importados, mas também flexibilizou as condições de pagamento na hora de fechar os negócios com as empresas no exterior. Isso facilitou a compra de importados para este fim de ano.

 

"Hoje os vendedores estão muito agressivos nas ofertas e dão a possibilidade de quitar o pagamento em 60 ou 90 dias", afirma o diretor comercial da Casa Santa Luzia, Jorge da Conceição Lopes. Mas ele ressalta que, no caso da sua empresa, a opção é pelo pagamento à vista, pois é a regra da companhia.

 

Segundo o empresário, os exportadores mais agressivos nas condições de pagamento de importados são os empresários portugueses e chilenos. "Eles esticaram os prazos, mas não dão descontos no preço."

 

Ao contrário do passado, quando os exportadores tinham receio de vender para o Brasil, pois temiam não receber o pagamento, hoje o quadro mudou completamente. "Atualmente estamos sendo cortejados", diz o diretor. "Felizmente a situação se inverteu."

 

NÃO ALIMENTOS

 

Enquanto o comércio amplia as compras de alimentos e bebidas importadas para o Natal e até cogita a possibilidade de comprar importados de terceiros para atender a demanda, o quadro é diferente nos itens não alimentícios. Nesse caso, não há grandes acréscimos de volumes importados para as festas de fim de ano porque não houve tempo hábil para que os empresários aumentassem as compras.

 

Normalmente, as encomendas são feitas no exterior com pelo menos seis meses de antecedência da data do desembarque do produto no País. Em maio deste ano, por exemplo, o varejo não tinha uma noção clara dos efeitos da crise, muito menos para onde iria a cotação da moeda americana.

 

"Repetimos no Natal deste ano os volumes importados em 2008 de brinquedos e artigos de decoração, entre outros itens não alimentícios", afirma Marcelo Viena, vice-presidente comercial do Walmart Brasil, a terceira maior rede de supermercados do País.

 

No início do ano, quando as encomendas foram feitas, o dólar valia em torno R$ 2, exemplifica o executivo, e ainda não se sabia ao certo os desdobramentos da crise. Por isso, a rede foi comedida nos pedidos.

 

O quadro é pior no caso dos importados de baixo valor. O presidente da Associação Brasileira do Importadores de Produtos Populares, Gustavo Dedivitis, conta que os seus associados praticamente não compraram produtos no exterior para este fim de ano. Os itens são importados da China.

 

"Estamos vendendo os estoques de produtos populares feitos no ano passado", conta o representante da entidade. Quando a crise estourou, em setembro do ano passado, o comércio se retraiu e os produtos importados populares encalharam. Por isso, os empresários do setor decidiram não ir às compras no exterior neste ano.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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