Estratégia: Laticínio, que está entre os maiores, investe na diversificação
Em janeiro de 1994, com um investimento de R$ 232 mil, os irmãos Teixeira, mineiros do sul do Estado, colocaram duas unidades de processamento de leite para operar em Goiás e Rondônia. Em um mês produziram 30 mil quilos de mozarela e faturaram R$ 82 mil. Era o começo da Italac. Quase 16 anos depois, a empresa tem hoje uma capacidade de processamento de 4 milhões de litros por dia, produz 50 toneladas de queijo diariamente e deve fechar o ano com faturamento de R$ 1 bilhão, segundo Cláudio Teixeira, presidente da empresa.
Com um perfil discreto, a Italac cresceu nos últimos anos investindo na ampliação de unidades e também na construção de plantas a partir do zero e apostando na diversificação. Do ano passado até agora, os aportes alcançaram R$ 100 milhões.
Até 1998, a empresa produzia basicamente queijos, e naquele ano entrou no leite longa vida. Queijo, aliás, está na história da família Teixeira. O avô dos cinco irmãos, Jerônimo Teixeira, começou a produzir queijo em 1950 em sociedade com os três filhos. Foi então que surgiu o tradicional queijo ralado Teixeira. Até 1990, o pai de Cláudio, Juarez, mantinha a sociedade com os dois irmãos, mas esta foi desfeita e ativos foram vendidos para a Parlamat, então uma empresa em plena expansão. A marca de queijo ralado acabou ficando com o irmão de Juarez, Sólon Teixeira. Hoje, está nas mãos de Sólon Teixeira Júnior, primo de Cláudio Teixeira.
O empresário faz questão de dizer que ele e os irmãos criaram a Italac do "zero". Todos atuam no dia a dia da companhia: Alexandre é diretor de operação e marketing, Sérgio, industrial, Jerônimo, comercial, e Márcio, de produção.
"Começamos com uma captação de 8 mil litros de leite por dia", afirma Cláudio Teixeira. Hoje, a Italac está entre as cinco maiores empresas na captação de leite no país, com 2 milhões de litros por dia.
A matéria-prima, entregue por 12 mil produtores, é processada nas cinco unidades da empresa: duas em Rondônia (Jaru e Ouro Preto d' Oeste), Corumbaíba (GO), Xinguara (PA) e Passo Fundo (RS), que acaba de ser inaugurada. Além de leite e queijos, a Italac produz achocolatados, leite em pó, soro de leite, leite condensado, creme de leite e manteiga (em embalagens grandes, para uso industrial).
Teixeira diz que o projeto da empresa para os próximos cinco anos é lançar novos produtos, em grande escala. Para 2010, já estão previstos o lançamento de uma linha de leites especiais, doce de leite e manteiga para o consumidor final. Segundo o empresário, a estratégia de diversificação é fundamental no segmento, já que as margens são baixas no leite longa vida.
Os R$ 100 milhões investidos desde 2008 - a maior parte capital próprio, segundo Teixeira - foram destinados à planta de Passo Fundo, onde há produção de leite longa vida, creme de leite e achocolatados. Também foram usados para a construção de uma fábrica de leite em pó e soro em Jaru.
O investimento no leite em pó reflete as perspectivas de que o Brasil ainda se firme como exportador do produto. Este ano, as vendas externas estão desaquecidas, mas Cláudio Teixeira acredita que voltarão a crescer no futuro. (ver texto nesta página)
Para 2010, segundo o presidente da Italac, a previsão é investir R$ 20 milhões na duplicação da produção de leite condensado na unidade de Corumbaíba e R$ 40 milhões na segunda fase de investimentos em Passo Fundo. Lá será implantada uma fábrica de leite em pó, com capacidade de processamento de 600 mil litros por dia.
Dizendo-se conservador, Teixeira afirma que agora a Italac está pronta para crescer. "Nosso endividamento de longo prazo não chega a 2% do faturamento".
O aumento da receita da Italac este ano em relação a 2008 deve ser de 35%. Nos últimos anos, a média de crescimento foi de 30%. "O plano é continuar crescendo 30% a 40%", afirma Teixeira.
Uma das medidas para continuar nesse ritmo é ampliar o investimento em marketing. Até hoje apenas campanhas regionais foram feitas, mas para 2010, a empresa planeja uma campanha mais ampla, "para agregar valor" à marca Italac , diz Alexandre Teixeira.
Veículo: Valor Econômico