Problemas climáticos da Ásia podem impulsionar as exportações brasileiras de arroz. De acordo com a Ásia Golden Rice Ltd., maior trading de arroz do mundo, a seca na Índia e os ciclones nas Filipinas prejudicaram as colheitas e essas regiões terão que intensificar a aquisição de produto importado. A quebra da safra em países concorrentes ocorre em um momento no qual o Brasil se consolida como exportador do grão e previsões dão conta que o preço do arroz irá ultrapassar US$ 1 mil a tonelada.
O País, que já se destaca entre os dez exportadores de arroz no mundo, vem ganhando mercados na África e, com a diminuição da oferta de arroz na Ásia, pode expandir para outros destinos.
De março a outubro, as exportações brasileiras de arroz somaram 720 mil toneladas - alta de 20% ante o mesmo período de 2008. No ano passado, o cenário favorável de preços internacionais e do câmbio possibilitou a alavancagem das vendas externas do cereal brasileiro, que atingiu o volume recorde de 790 mil toneladas. "Em outubro houve um volume expressivo de exportações, o que é surpreendente com o câmbio próximo a R$ 1,70", disse Marco Tavares, assessor de Mercados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Segundo Tavares, o desempenho comprova que o Brasil, mesmo em um cenário diferenciado em termos de preços internacionais - no ano passado as cotações de arroz foram recordes - e câmbio tem a possibilidade de quebrar o recorde do ano passado, quando somou 800 mil toneladas em vendas externas.
De acordo com Tavares, a logística também foi um diferencial para a contínua elevação das exportações. O Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, tem uma infraestrutura diferenciada que permite o carregamento próprio do arroz e taxas de frete mais competitivas. Essa adaptação intensificou as vendas para países africanos, em especial para a África do Sul, Senegal, Nigéria e Benin. Juntos, esses países têm uma demanda de 5 milhões de toneladas de arroz, das quais o Brasil responde com 10%. "Há um potencial expressivo de ampliação nesses mercados", afirmou Tavares.
O próximo passo é aproveitar a janela de oportunidade que se abre no continente asiático. "As Filipinas determinarão mudanças no quadro de oferta e demanda mundial junto com a Índia que, ao invés de entrar como exportadora de 4 milhões de toneladas, vai entrar no mercado de adquirir 3 milhões", disse o assessor.
Tavares destaca que a elevação nas importações de Índia e Filipinas deverá alterar substancialmente a oferta e demanda internacional, já identificada pela alta das cotações no mercado futuro do arroz. Nas últimas semanas, o aumento foi de mais de 10% e a tendência é de forte recuperação dos preços no mercado externo.
Além da perspectiva de incremento no volume exportado, o efeito cambial na receita brasileira poderá ser compensado pela mudança no perfil do produto exportado. De acordo com informações do Irga, em outubro, 60% das vendas foram concentradas no arroz parboilizado. O produto de maior valor agregado consegue ser precificado em até 5% acima do arroz quebrado.
Os preços internacionais também devem favorecer os exportadores de arroz. Ainda que as cotações não tenham atingido um grau de volatilidade satisfatório, porque o Hemisfério Norte está em plena safra, uma reversão de preços para o mercado internacional já é sinalizada. "Do final de outubro para o começo de novembro, o mercado internacional apresentou um reajuste acima de 10%. Isso abre uma perspectiva embora o câmbio seja desfavorável", afirma Tavares.
O crescimento das exportações brasileiras, aliado ao exercício dos contratos de opção firmados pelos produtores junto ao governo, também deve estimular as cotações internas do arroz. Cerca de 500 mil toneladas serão destinadas aos estoques públicos.
Também é prevista uma redução na oferta doméstica. Ao contrário dos patamares recordes da última safra, 30% do plantio do Rio Grande do Sul, estado que responde por dois terços da produção nacional, será fora de época. As lavouras terão ainda o efeito do El Niño que deve reduzir ainda mais o volume colhido.
Demanda na Ásia
Os preços não deverão atingir o pico antes de março, diz Rex Estoperez, porta-voz da Administração Nacional de Alimentos das Filipinas, maior importador global do grão. A Tailândia é o que mais exporta arroz do mundo. "Prevê-se que a oferta mundial de arroz será mais apertada que no ano passado, quando a escassez de alimentos desencadeou distúrbios em alguns países, como Haiti e Egito", disse Jeremy Zwinger, presidente da The Rice Trader, empresa de consultoria e corretagem de Chicago.
A escalada dos preços dos alimentos ameaça desencadear distúrbios em países em desenvolvimento e aumentar os custos de empresas como a cervejaria Anheuser-Busch Cos., a maior compradora de arroz nos Estados Unidos, e da Kellogg Co., fabricante de cereais matinais.
"A situação da demanda-oferta será extremamente apertada, com a entrada da Índia no mercado", disse Mamadou Ciss, corretor de arroz e principal executivo da Hermes Investments Pte Ltd.
A Índia, o segundo país mais populoso do mundo, poderá se tornar um importador líquido de arroz pela primeira vez em duas décadas. O país teve as mais escassas chuvas de monção desde 1972, o que deverá reduzir a produção interna em 15%, para 84 milhões de toneladas, no ano-safra iniciado em 1º de outubro, segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
Problemas climáticos da Ásia dão impulso às exportações brasileiras de arroz. De acordo com a Asia Golden Rice, maior trading de arroz do mundo, a seca na Índia e os ciclones nas Filipinas prejudicaram as colheitas e essas regiões terão de intensificar a aquisição de produto importado. A quebra da safra em países concorrentes ocorre no momento em que o Brasil se consolida como exportador do grão e previsões dão conta de que o preço do arroz superará US$ 1 mil por tonelada.
O País, que está dentre os dez maiores exportadores de arroz no mundo, vem ganhando mercados na África e, com a menor oferta na Ásia, pode conquistar espaço no mercado externo. De março a outubro, as exportações brasileiras de arroz somaram 720 mil toneladas - alta de 20% ante 2008. No ano passado, o cenário favorável de preços e do câmbio alavancaram as vendas externas do cereal, que atingiu o recorde de 790 mil toneladas.
Veículo: DCI