Pesquisa mostra que bens duráveis lideram lista de compras dos consumidores especialmente da baixa renda
Os eletrodomésticos e eletrônicos vão liderar os gastos do brasileiro neste Natal, especialmente entre a população de menor renda. Quase 30% dos consumidores pretendem comprar esses produtos neste fim de ano, revela pesquisa nacional da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
Além do crescimento de vendas desses itens, registrado pelo comércio até agora, outro indicador da forte procura por bens duráveis está na indústria. Na reta final do Natal, as fábricas da Zona Franca de Manaus estão a todo vapor. Atualmente, cerca 60% das indústrias estão ativas. Em anos normais, apenas 20% das empresas do polo industrial estavam operando nesta época, segundo o presidente do Centro da Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro.
A maior procura por eletrodomésticos e eletrônicos é explicada não apenas pela volta do crédito com prazos mais longos e juros menores, pela recuperação do emprego, da renda e pelo corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "Há uma demanda reprimida do ano passado que será contemplada neste ano", afirma o assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina.
Ele fundamenta essa análise na pesquisa da Fecomércio-SP apontando que cerca de um quarto dos consumidores deixou de comprar eletrodomésticos e eletrônicos no ano passado por causa da insegurança criada pela crise financeira. A federação ouviu 1.200 consumidores em 11 capitais e o Distrito Federal.
"Este será o Natal dos eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, especialmente para a baixa renda", afirma o economista chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. Pesquisa feita pela associação mostra que 76,5% dos consumidores com renda mensal de R$ 300 pretendem comprar esses itens no fim de ano e 23,5% planejam adquirir roupas e calçados. Solimeo ressalta que essa é a grande novidade da pesquisa, uma vez que a intenção de comprar roupas é corriqueira, pois esses produtos são de menor valor.
Grandes redes varejistas começam observar na prática a maior procura por bens duráveis. Nas 180 lojas das Lojas Cem, especializadas em móveis, eletrodomésticos e eletrônicos, as vendas cresceram 11% neste mês em relação a igual período do ano passado. "As vendas estão boas enquanto São Pedro deixa", brinca o supervisor-geral da empresa, José Domingos Alves. Ele diz que a projeção é crescer 15%, mas as fortes chuvas dos últimos dias que atingiram São Paulo atrapalharam um pouco os negócios.
O maior volume de vendas é esperado para esta semana. "Há vários anos, o pico de vendas de eletrodomésticos e eletrônicos na nossa empresa ocorre no dia 22 de dezembro." Entre os produtos campeões de vendas neste Natal estão os refrigeradores de grande porte, televisores de LCD de 32 e 40 polegadas e sofás.
Na rede de hipermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar, as vendas de televisores cresceram 35% na primeira quinzena deste mês em relação a dezembro de 2008. Os modelos mais vendidos são as TVs de LCD de 32 e 42 polegadas. Segundo Fábio Tavares, gerente comercial de áudio e vídeo do Grupo Pão de Açúcar, a expectativa é fechar o mês com crescimento de 50% nas vendas de TVs.
Além da renovação tecnológica, outro fator que faz da TV de LCD um produto campeão de vendas é a Copa do Mundo de 2010. Em anos de Copa, o maior volume de compras de TVs que normalmente ocorre no segundo semestre é antecipado para o primeiro.
Nas Lojas Colombo, os produtos mais vendidos são os da linha branca, impulsionados pelo corte de IPI, afirma o presidente da rede, Adelino Colombo. Até quinta-feira, as vendas da empresa cresceram 6% em relação ao mesmo período de 2008. "Está sendo o melhor Natal dos últimos dez anos."
Nas contas de Lourival Kiçula, presidente da Eletros, entidade que reúne a indústria de eletroeletrônicos, as vendas de eletrodomésticos e aparelhos de áudio e vídeo devem ter crescido 20% neste Natal na comparação com 2008.
PREÇOS
A maior intenção de comprar bens duráveis deve ampliar o valor médio das vendas e o faturamento global do comércio. Segundo os cálculos de Pina, da Fecomércio-SP, levando em conta os artigos de vestuário e os bens duráveis, o valor médio das compras deve crescer perto de 15% neste fim de ano em relação a dezembro de 2008. O economista diz que esse aumento reflete o maior volume de vendas de produtos mais caros e não ocorre em razão de elevações de preços.
De acordo com o Índice de Preços do Varejo (IPV), apurado pela entidade, os preços dos produtos da linha branca caíram 7,51% de janeiro a outubro, os eletrônicos caíram 2,11%, enquanto o índice geral de preços no varejo subiu 0,40%.
Além do corte do IPI, Pina destaca o recuo do câmbio que tem impacto direto nos preços dos eletrônicos, uma vez que os componentes são importados. Ele acrescenta também a renovação tecnológica. No fim do ano passado, por exemplo, uma TV de LCD de 40 polegadas custava R$ 3,5 mil e hoje sai por R$ 2,6 mil, diz Alves, das Lojas Cem.
Veículo: O Estado de S.Paulo