O bom desempenho do setor vinícola brasileiro em 2009 e as perspectivas otimistas para 2010 estão animando os produtores de uvas. Eles querem um reajuste de 20% no preço da uva da próxima safra, mas no primeiro encontro com representantes da indústria, na semana passada, em Brasília, não houve acordo.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Garibaldi, Denis Debiasi, diz que a uva representa de 10% e 12% dos custos de produção da indústria e o índice pedido corresponde ao aumento dos gastos dos agricultores (os preços mínimos não foram reajustados na safra 2008/2009). No fim de 2008, os viticultores foram prejudicados pelo estouro da crise e pela "lei seca" no trânsito.
Agora, as vendas de vinho crescem e muitas plantações de uva no Rio Grande do Sul foram atingidas por temporais e granizo nos últimos dois meses. A colheita só vai começar daqui a mais de um mês, mas na região sul do Estado alguns produtores não devem escapar de quebras de pelo menos 30% na safra, em especial de uvas brancas.
O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti, diz que eventuais perdas causadas pelo clima serão compensadas pelo aumento de 15% na área de parreirais. Para ele, dificilmente indústria e produtores chegarão a um acordo e o preço deverá novamente ser regulado pelo mercado.
O preço mínimo básico da Conab na safra 2008/2009, válido para as uvas comuns é de R$ 0,46 por quilo. As "viníferas nobres" de 13 a 20 graus glucométricos (quanto maior o grau, melhor a uva para um vinho fino) partem de R$ 0,60 para varietais brancos como sémillon e chegam a R$ 1,03 no caso de variedades tintas como cabernet sauvignon e pinot noir. Acima disso há um ágio de 5% a cada grau adicional. Mesmo assim, as vinícolas chegam a pagar 25% além da tabela para produtos de melhor qualidade, diz Benedetti. (SB)
Veículo: Valor Econômico