Citricultor prevê forte alta da laranja em SP

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Os citricultores paulistas esperam conseguir na safra 2010/11, cuja colheita começa em maio, uma remuneração média pela caixa de laranja vendida às indústrias exportadoras de suco pelo menos 40% superior à obtida na recém-encerrada temporada 2009/10.

 

Em reunião realizada ontem na sede da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), no centro da capital, presidentes de quase 30 sindicatos rurais de praticamente todas as regiões concluíram que as perspectivas de redução da oferta da fruta e de reação do consumo externo de suco permitem o aumento estimado, necessário para amenizar os efeitos do deficitário ciclo passado.

 

Segundo Marco Antonio dos Santos, coordenador da mesa diretora de citricultura da Faesp e presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, o cenário indica que as indústrias exportadoras de suco (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus) terão de oferecer, no mínimo, R$ 10 por caixa de 40,8 quilos de laranja para processamento em 2010/11, ante R$ 7, em média, pagos em 2009/10.

 
 
José Osvaldo Junqueira Franco, presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, vai além: para ele, é possível obter entre R$ 12 e R$ 15, até porque os custos médios de produção seguem em torno de R$ 10 - ainda que muitos citricultores consigam gastar menos, apesar da alta dos custos com mão-de-obra e controle de doenças. Os insumos, por exemplo, caíram em relação à safra 2009/10.

 

Com as cotações internacionais do suco em alta desde o ano passado, graças a projeções de redução da oferta de laranja em São Paulo e na Flórida - que reúnem os dois maiores parques citrícolas do mundo - e a uma leve recuperação do consumo nos EUA, as próprias indústrias, reunidas na Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR), previram no fim de 2009 que os benefícios da valorização chegariam aos citricultores agora.

 

Os produtores sabem, porém, que isso não significa que as empresas concordarão em repassar toda esta valorização a seus fornecedores de matéria-prima, inclusive porque boa parte da nova safra já está comprometida com as indústrias em contratos de longo prazo com valores pré-definidos. Ontem, na bolsa de Nova York, o suco concentrado e congelado subiu 1,7% e voltou ao maior patamar desde o início de 2008. Nos últimos 12 meses, a alta chega a 83,63%, conforme cálculos do Valor Data baseados nos contratos de segunda posição de entrega.

 

Em Roterdã (Holanda), principal porto de entrada do suco brasileiro na Europa, maior mercado da commodity no exterior, as cotações subiram para US$ 1.550 a tonelada e se estabilizaram nesse patamar no início do mês, conforme informou recentemente ao Valor Maurício Mendes, da AgraFNP e do Grupo de Consultores em Citrus (GConsi).

 

Os produtores projetam que a atual safra de laranja da Flórida ficará entre 92 milhões e 94 milhões de caixas, cerca de 30% menos do que em 2009/10. No Estado americano, doenças nos pomares e adversidades climáticas anteriores ao frio atual prejudicaram a produção. Para São Paulo, eles estimam 300 milhões de caixas, uma queda de 20%.

 

Esta retração também não está sendo determinada pelas chuvas de agora, mas pelas precipitações acima da média na florada da safra, em setembro passado. Junqueira Franco explica que a umidade da época motivou a proliferação do fungo conhecido como "estrelinha", o que ajudou a prejudicar a produtividade.

 

Outro tema tratado na reunião da Faesp foi a confirmação de que o tradicional Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), mantido com contribuições de indústrias e produtores, reduzirá drasticamente seus trabalhos de inspeção e erradicação de pomares, intensificado nos últimos anos por causa do avanço da doença conhecida como greening, que também afeta as árvores da Flórida. E o sentimento geral a respeito da decisão foi positivo, já que as divergências com as empresas nessa frente também vinham se avolumando.

 

Instrução Normativa do Ministério da Agricultura determina que o produtor é obrigado a inspecionar seus pomares e a entregar um relatório à Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria da Agricultura do Estado com informações sobre a inspeção e erradicações. Marco Antonio dos Santos diz que os produtores querem que o governo federal assuma os custos da inspeção e de eventuais erradicações e que o assunto será tratado em reunião em Brasília no dia 27, até porque produtores já entraram na Justiça para receber indenizações, que não estão previstas na instrução.

 

"Independentemente disso, o produtor vai continuar fazendo a sua inspeção, inclusive por conta de outras doenças. O pomar é o nosso patrimônio e somos os maiores interessados em preservá-lo. Só não podemos concordar em erradicar pés saudáveis em nome de uma possibilidade de contaminação", afirma Junqueira Franco, de Bebedouro. Os citricultores também decidiram que vão reduzir significativamente as contribuições ao Fundecitrus, que estava fixada em R$ 0,10 por caixa.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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