Para entender e aprender a lidar com os consumidores da próxima década, empresas como a Ralph Lauren criam presença virtual e iniciam jornada de aprendizado
O segundo dia da NRF Big Show, nesta segunda-feira em Nova York, colocou o metaverso nos holofotes. As promessas e possibilidades da criação de ambientes virtuais são imensas, assim como os desafios. Mais do que tudo, a tecnologia ainda não está madura – e deve demorar um bom tempo para ficar “no ponto”. Então, por que se preocupar com o assunto agora?
“Enquanto você pensa em acertar seu omnichannel, a Geração Z e a Geração Alpha estão se relacionando com marcas nas redes sociais”, alertou Kate Ancketill, CEO da GDR Creative Intelligence, ainda no domingo, primeiro dia do evento. Essas duas gerações de clientes vão dos recém-nascidos aos adolescentes de hoje – e daqui a 10 anos representarão 50% da população mundial, com um poder de compra maior que os Millennials e boomers somados.
O recado para o varejo é claro: se você ainda pensa em Millennials ou em integrar lojas e e-commerce, ficou para trás. Os consumidores que importarão na próxima década hoje usam as redes sociais e brincam em “metaversos 1.0”, como o Roblox, o Minecraft e o Animal Crossing. “Para as gerações Z e Alpha, interagir com os amigos por meio de uma plataforma virtual e comprar itens digitais para seus avatares é normal. Daqui a pouco, eles serão os adultos que dominarão o varejo – e isso vai mudar tudo”, alerta Cassandra Napoli, senior strategist da WGSN.
As possibilidades para o varejo são as mais variadas, indo da construção de ambientes digitais nessas plataformas para que os consumidores interajam, até realmente integrando essas operações ao dia a dia do negócio. Um bom exemplo disso é a Ralph Lauren: a tradicional marca de moda atemporal é uma das pioneiras no multiverso, um movimento que conta com o apoio irrestrito da alta liderança.
“Construir meu avatar no Snapchat foi uma experiência importante”, comenta Patrice Louvet, presidente e CEO da empresa. “A primeira coisa que percebi é que ele não poderia andar nu por aí. Então comprei uma camiseta de rugby”, diz. Para uma varejista de moda, um sinal claro de uma grande oportunidade. “Consideramos o metaverso como um caminho para entender as novas gerações de consumidores e conhecer melhor como podemos integrar o virtual, o digital e o físico”, afirma o executivo.
Assim, ao mesmo tempo em que a empresa abre 80 lojas no mundo físico, cria uma cafeteria no Zepeto e oferece em sua loja flagship no coração de Nova York a possibilidade de comprar roupas digitais. “Estamos avaliando se vale a pena comprar terrenos virtuais para ampliar nossa presença no metaverso”, acrescenta.
Para a marca, a razão para estar no metaverso é bem clara. “Assim como o metaverso, somos uma empresa de sonhos, não de produtos. Queremos criar espaços para que os clientes se sintam bem. É um fit natural para nós”, explica.
Redação SuperHiper