Márcio Goldfarb, presidente e herdeiro da Marisa, vai realizar um sonho que acalenta há seis anos. A varejista popular de vestuário vai inaugurar ainda neste primeiro semestre uma rede de lojas exclusivas de lingeries, um dos seus carros-chefe. "Existe espaço para 300 lojas desse tipo no Brasil", diz Goldfarb, que enxerga um baixo grau de concorrência no varejo de moda íntima para a classe C. As redes tradicionais do setor, como a Jogê, estão voltadas para a classe A.
Até o dia Dia dos Namorados, em junho, a Marisa espera inaugurar pelo menos cinco lojas exclusivas de roupas íntimas. E mais uma deve ser aberta até o fim do ano.
A seção de lingeries já responde por 25% das vendas da varejista, que costuma ser lembrada pelo slogan "De mulher para mulher". Pesquisas de reconhecimento de marca realizadas pela empresa indicam ainda que ela está bem à frente de seus concorrentes neste mercado - C&A, Renner e Riachuelo. Em um levantamento, 42% das consumidores citaram a Marisa como a primeira marca de lingerie que lhes vinha à cabeça.
Devido à sua forte presença, a Marisa conseguiu ainda figurar em terceiro entre as marcas mais lembradas do setor, ao lado de nomes como Valisère e Duloren, apesar de não fabricar os produtos.
Mas a Marisa não será a primeira varejista de vestuário a se arriscar no mercado de lingeries. A C&A realizou uma experiência semelhante há cerca de dez anos, com a abertura de lojas exclusivas com a marca Design Íntimo. O projeto, porém, naufragou. Quando perguntado sobre o fracasso de seu concorrente, Goldfarb acredita que seu plano estratégico é bem diferente. Além de manter-se dedicada ao seu público-alvo, a classe C, a nova rede terá a chancela da Marisa, afirma.
Por enquanto, Goldfarb ainda não revela maiores detalhes de seu projeto, que será apresentado de forma mais minuciosa aos investidores abril. A margem bruta neste segmento, diz o empresário, não é maior que a média da varejista, que ficou em 52,2% em 2009 e 54% no quarto trimestre do ano.
Mas com esse novo modelo de loja, que terá 300 metros quadrados, a Marisa poderá acelerar a sua expansão em todo o território nacional. "Agora, passamos a ter três formatos", afirma Goldfarb. A rede já possui modelos de loja de 1,2 mil quadrados e 800 metros quadrados. No primeiro formato, ela vende todo o seu mix de produtos, incluindo moda masculina, enquanto, no segundo, só são vendidas peças femininas. (CF e GV)
Veículo: Valor Econômico