Empresas de logística são especialistas em encurtar as distâncias que as mercadorias têm de percorrer, certo? No Brasil não é bem assim. A empresa americana McLane, de armazenamento e distribuição, tem no Brasil cerca de 20 funcionários dedicados a uma atividade sem correspondente em sua matriz, no Texas. Essa equipe analisa oportunidades que a guerra fiscal entre os estados cria para os negócios dos clientes. Após considerar os incentivos oferecidos por alguns governos, muitos itinerários de carga deixam de obedecer à lógica de que um caminho mais curto custa menos.
Tornou-se comum que itens importados por empresas paulistas desembarquem em Santos e sigam de caminhão pelas estradas até Goiás ou Minas Gerais. Lá recebem um registro local e só então são despachados ao destino final, em São Paulo. Com esse passeio, a tributação é inferior à que seria se o produto fosse recebido diretamente pelo importador em São Paulo. O benefício fiscal compensa os quilômetros e o tempo a mais com o transporte e ainda gera lucro para a empresa. Contudo, contribui para o encarecimento do transporte, o desgaste das estradas, o trânsito e a poluição. Segundo estudo do instituto Coppead, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, o custo logístico no Brasil, da ordem de 13% do valor dos produtos, é o dobro do incidente nos Estados Unidos.
Veículo: Revista Exame