Hypermarcas muda mix, aumenta preços e busca redução de custos

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Depois de registrar vendas 82% maiores no segmento de beleza e higiene, responsável por 36% da receita líquida, a Hypermarcas espera reforçar o crescimento em 2010 na esteira da expansão do varejo. "As perspectivas para este ano são muito boas", afirmou ontem Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, em teleconferência com analistas. "Todos os nossos clientes (varejistas) vão abrir novas lojas, o que significa maior investimento em estoque por parte do autosserviço", disse.

 

A Hypermarcas encerrou 2009 com lucro líquido de R$ 313,4 milhões, contra prejuízo de R$ 207,9 milhões registrado em 2008. Apenas no quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido da empresa somou R$ 101 milhões, ante prejuízo de R$ 153,2 milhões apurado nos três últimos meses do ano anterior. A receita líquida da fabricante cresceu 51,9% de 2008 para 2009, ao passar de R$ 1,333 bilhão para R$ 2,025 bilhões.

 

Os resultados do quarto trimestre e de 2009 incorporam os dados referentes aos dois últimos meses do ano para as companhias adquiridas Neo Química, Pom Pom, Olla e Hydrogen. Apenas 20 pontos percentuais da expansão anual podem ser atribuídos à base de negócios existente antes das aquisições.

 

"Nós nos surpreendemos com o crescimento da receita", afirmou Iago Whately, analista da Fator Corretora. "Alguns fatores, como a deterioração da margem bruta no último trimestre, pesam contra o resultado da empresa, mas não são recorrentes, portanto não preocupam", disse.

 

De acordo com Bergamo, a queda da margem no último trimestre deveu-se principalmente ao mix de produtos. A margem passou de 58,4% nos trimestres anteriores para 56,6%. "Não houve nenhuma pressão específica de preço ou de custo que resultasse na queda, apenas alguns negócios adquiridos têm margem menor. Mas acreditamos que a banda de 57% a 60% seja sustentável."

 

Em compensação, diz Bergamo, haverá aumento de preço no primeiro trimestre (entre 6% e 8% sobre todos os produtos de consumo, com exceção de medicamentos, cuja alta será definida pelo governo). "Também teremos economia na produtividade das empresas adquiridas, que será inserida no custo dos produtos vendidos." A aceleração da economia operacional deve aparecer a partir do segundo semestre, especialmente em 2011 no que se refere aos negócios de medicamentos.

 

A Hypermarcas também registrou fatores extraordinários no aumento da despesa geral administrativa - de uma média de R$ 26 milhões em cada um dos três primeiros trimestres para R$ 55 milhões no último trimestre. Uma parte, R$ 15 milhões, refere-se ao custo das empresas adquiridas. Outros R$ 15 milhões em bônus foram distribuídos aos funcionários no último trimestre, valor que não havia sido provisionado durante todo o ano de 2009. A partir de agora, segundo Bergamo, o pagamento do bônus será trimestral.

 

Segundo o executivo, a empresa está caminhando para ter cerca de 80% (das vendas) em medicamentos e higiene pessoal, número que estava em torno de 65%. "Os negócios de medicamentos e higiene pessoal estão crescendo e possuem margens maiores do que alimentos e limpeza, o que compensa o rearranjo do mix", afirma.

 

O novo centro de distribuição da Hypermarcas em Cajamar, na Grande São Paulo, inaugurado no ano passado, proporcionou redução de 0,5% sobre os custos de distribuição. Até então, a empresa mantinha centros em Itajaí (SC), Goiânia (GO) e acabou somando mais um em Anápolis (GO), por conta da aquisição da Neo Química.

 

Na comparação trimestral, a receita líquida da companhia aumentou 57,8%, para R$ 719,4 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) da varejista também subiu no ano passado, em 59,5%, para R$ 511,7 milhões, e no trimestre final de 2009, em 64,1%, atingindo R$ 159,3 milhões.

 

Já a margem lajida da Hypermarcas avançou 1,2 ponto percentual em 2009, para 25,3%, e 0,9 ponto apenas nos três últimos meses do calendário, para 22,1%.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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