Preço aumenta na mesma medida em que cai a qualidade
O aposentado José Alexandre da Silva, de 74 anos, já está trocando a alface pela abobrinha, já que o preço das verduras está pesando no bolso. Segundo ele, o pé de alface que custava R$ 0,80, chega a R$ 1,50. “Não estou mais comendo verduras, pois estão muito caras”, salientou. A alta no preço não só das verduras, mas também dos legumes e frutas, está assustando os consumidores.
O aumento dos preços é consequência das chuvas e também do excesso de sol, que influencia na qualidade dos produtos. Alguns deles, como o espinafre e a rúcula, por exemplo, estão em falta no mercado, o que faz o preço subir ainda mais. Na feira livre da Avenida General Marcondes Salgado, que fica no Bosque, em Campinas, a reclamação é geral. As verduras estão em falta e o preço varia de um dia para o outro.
No Mercado Municipal de Campinas (Mercadão), o proprietário do box Seizo Mekaru, Marcelo Mekaru, de 27 anos, confirma o aumento dos preços em 40%, bem como a falta dos produtos. “Ainda temos a vantagem de comprarmos direto do produtor. Se dependêssemos do Ceasa (Centrais de Abastecimento de Campinas S/A), os produtos ficariam ainda mais caros", disse.
Para Mekaru, a dificuldade maior está em encontrar espinafre, agrião e almeirão. “No caso do espinafre, não recebemos desde dezembro. O agrião e o almeirão, quando chegam, são em pequena quantidade, cerca de dois maços, o que é insuficiente para atender à demanda”, destacou.
Neste caso, os produtos passaram de R$ 0,50 para R$ 1,00, ou seja, um aumento de 100%. Os legumes e as frutas, segundo ele, também estão sendo prejudicados pela chuva e pelo sol, principalmente o tomate, que só esta semana aumentou 80%.
Repasse
Nos supermercados, o consumidor também sente pesar no bolso. De acordo com o gerente do supermercado Galassi, de Campinas, Aires Jaime dos Reis, em média, os preços estão 40% mais caros. “Como trabalhamos com fornecedores, acabamos repassando o produto praticamente pelo preço de custo, para não assustar o consumidor”, ressaltou.
Um levantamento feito pelo Ceasa, no período de 12 a 19 de fevereiro, apontou queda na oferta, na qualidade e aumento de preço dos produtos. No setor de hortaliças, a alface, a chicória, o agrião, a rúcula e o repolho foram os mais prejudicados. Este último teve o maior aumento (11,5%), passando de R$ 1,30 para 1,45 o quilo.
No setor de frutas, o aumento mais significativo foi o da banana-nanica (17,6%), passando de R$ 0,85 para R$ 1,00 e o da laranja-pera (15,02%), passando de R$ 1,32 para R$ 1,52. O tomate, que teve alta de 14,3%, passou de R$ 1,75 para R$ 2,00. De acordo com o técnico de mercado do Ceasa, Francisco Homero Marcondes, o aumento se justifica pela diminuição da produção.
No caso dos legumes, houve queda nos preços. Marcondes explica que, quando o preço sobre muito, a tendência é diminuir o consumo e, com isso, o preço volta a cair. Foi o que aconteceu com a vagem, que baixou 15%, passando de R$ 4,00 para R$ 3,40; o quiabo (47,3%), passando de R$ 2,20 para R$ 1,16; e a abobrinha brasileira, que teve queda de 45%, passando de R$ 2,00 para R$ 1,10.
Veículo: Correio Popular - SP