Posto de gasolina atrai supermercado médio

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Para aumentar o fluxo de pessoas nas lojas em até 25% e consequentemente elevar o faturamento -em 5% apenas nos postos-, redes médias do setor supermercadista, como a Cooperativa de Consumo (Coop) e a Savegnago, além do líder no ramo atacadista Makro, pretendem seguir as gigantes supermercadistas e investir na abertura de postos de gasolina, segmento que está em expansão no País.

 

Para o professor Nuno Fouto, do Programa de Administração do Varejo (Provar), a estratégia das redes é vender gasolina com margens de lucro baixas e atrair público para as operações tradicionais da empresa. "Todo mundo tem um posto de confiança e costuma abastecer lá", diz o professor. "Eles ganham com a venda em escala, ou seja, mantêm o posto e a loja movimentados", diz.

 

De olho neste nicho, a Cooperativa de Consumo (Coop) pretende investir aproximadamente R$ 7 milhões este ano -dinheiro de caixa próprio- para construir postos de combustível em sete unidades da rede no interior paulista. A ideia é iniciar o trabalho de implantação de uma rede de postos de gasolina junto às 30 unidades da Coop, de acordo com a viabilidade técnica de cada loja.

 

Com a entrada neste nicho, a rede espera ver 5% de crescimento em faturamento em 2010, apenas com o novo negócio. "Temos dois objetivos com isso: aumentar os serviços oferecidos ao cooperado e aumentar a receita da companhia -o que é bom para todos", afirma Edson Borréia, responsável pela implantação dos postos. O executivo da Coop ressalta que, para a empresa, a entrada no segmento de vendas de combustível é uma decisão estratégica definida no ano passado. "Todos os nossos concorrentes já têm posto, não poderíamos ficar para trás."

 

De acordo com Borréia, cada unidade custará R$ 1 milhão, em média, e os postos estão em fase adiantada de liberação de documentos. "Nessas unidades fizemos estudo de viabilidade, e dependemos apenas dos documentos. Com isso os postos estarão funcionando no máximo em quatro meses." As primeiras bombas de gasolina da empresa serão instaladas nas cidades de Tatuí, Piracicaba, Sorocaba e São José dos Campos.

 

Borréia descarta a possibilidade de a cooperativa comprar postos de bandeira branca e passar a atuar com unidades desvinculadas de superemercados. "Neste ano começaremos com postos anexos às lojas; em 2011 poderemos ter postos de rua, mas sempre próximos às lojas da Coop", ressalta o diretor. Para ele, os resultados neste segmento são rápidos e dependem de investimentos em divulgação e estrutura: "Mas podem ser compensados em 24 ou 36 meses".

 

Outro que aposta nos postos de gasolina é o atacadista Makro, que opera 28 postos de combustível em estados brasileiros onde a empresa atua. A reportagem procurou a empresa, mas até o fechamento desta edição não obteve os dados dos postos de combustível da rede.

 

Para o especialista em varejo Nuno Fouto, o interesse das supermercadistas no segmento se deve ao poder de negociação que estas ganham com os fornecedores na hora de discutir preços com as distribuidoras de combustível. "Elas já são estabelecidas como redes, então compram em quantidades que possibilitam vantagens nos preços."

 

A tese do professor é confirmada por Sérgio Groba, gerente de Postos do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que afirma ver na negociação com os fornecedores o principal trunfo das companhias para garantir preços baixos nas operações de postos de gasolina. "Negociamos com praticamente todas as distribuidoras, assim conseguimos os valores baixos que repassamos à bomba", justifica o gerente.

 

Groba acredita que o sucesso das gigantes do setor fez com que supermercados médios começassem a perceber que a venda de combustível é uma operação que não conflita com as operações de varejo alimentar, por isso atraiu outros do setor."Agora os pequenos e médios começaram a perceber o que as grandes viram antes, que é um negócio rentável e que agrega valor à empresa", diz o executivo.

 

Marcas fortes

 

Na Savegnago, rede forte no interior de São Paulo -19ª no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras)- e com um posto em funcionamento, o plano para este ano é inaugurar três postos de gasolina que não levarão nome da supermercadista, mas o da bandeira BR, marca da Petrobras para postos de gasolina. "A gente prefere associar [os postos] a uma bandeira conhecida no segmento", conta o diretor da companhia, Sebastião Edson Savegnago, em entrevista ao DCI.

 

Para o diretor da rede, que vê os negócios prosperarem em cidades como Sertãozinho e Bebedouro, localidades onde o agronegócio paulista tem impulsionado a economia local, investir em novos nichos que tenham sinergia com varejo supermercadista é importante para o crescimento da companhia, pois dará fôlego à Savegnago na disputa regional com grandes redes do setor, como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, que têm ampliado suas operações em novos mercados. "A gente já tem um trabalho para atender o cliente, e com os postos conseguimos agregar valor ao negócio. Com postos nas lojas, o cliente vai abastecer na loja e comprar também", completa Savegnago. "Por isso este é um ramo em que a gente quer investir cada vez mais", conta.

 

De acordo com o executivo da supermercadista, a intenção é ampliar a rede de postos a todas as 21 lojas do grupo. "Tudo depende do terreno: se tiver como construir, a gente faz." Sebastião também não descarta abrir postos em rua, mas afirma que no momento o foco é apenas em postos de combustível juntos das lojas. "O posto que temos já responde por 1,5% das vendas, então com os outros vamos ter mais de 5% de crescimento, fora as vendas dos supermercados."

 

Para viabilizar os postos, a Savegnago vai investir cerca de R$ 700 mil em cada unidade. "A gente acaba tendo uma boa venda porque o cliente associa o fato de o posto ter uma bandeira como a BR em nossas lojas à qualidade do produto", arremata.

 


Veículo: DCI


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