Varejo usa Copa para ter volta às aulas recorde

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Quem apostou na Copa do Mundo de Futebol para alavancar as vendas de material escolar se deu bem. Com a proximidade do evento esportivo, em junho, na África do Sul, as redes viram as vendas de itens de volta às aulas deste ano subirem 10% em relação às de 2009, número acima do esperado pelo comércio, que previa crescer 5% com a data este ano. De acordo com especialistas consultados pela reportagem, até o final do período de vendas - meados de março- o setor pode chegar a um novo recorde de vendas de material escolar.

 

Para o comércio especializado, a época é considerada a mais importante para o setor, considerando-se o ano todo, pois corresponde a 65% das vendas anuais de artigos de papelaria. Segundo José Lupoli Júnior, professor de Marketing da Universidade de São Paulo (USP) e do Programa de Administração do Varejo (Provar), investir em produtos licenciados é a melhor aposta para alavancar as vendas da volta às aulas, principalmente quando se oferecem artigos com motivos de efemérides. "Esses artigos têm uma saída melhor e também possibilitam uma margem maior para o varejista", conta. "É claro que em caso de eventos como a Copa a demanda é maior, mas é importante investir em temas de artistas e filmes também", ressalta.

 

Para o Lupoli, as vendas de itens de volta às aulas este ano devem se confirmar mais aquecidas, fruto da disposição maior do consumidor para gastar. "O setor deve apresentar bons resultados até o meio de março", diz.

 

No Grupo Pão de Açúcar (GPA), o destaque são as vendas de cadernos licenciados, com capa da Seleção Brasileira de Futebol. Cada capa representa um país e o ano em que o Brasil venceu o campeonato mundial de futebol. O último modelo representa a "Força Extra" para a vitória na África do Sul em 2010, diz a rede. Só nas lojas Extra foram vendidas mais de 300 mil unidades do produto, em apenas um mês.

 

Segundo a rede, o caderno é fruto de uma parceria que garantiu à empresa o repasse para o consumidor a R$ 4,90 -um caderno custa em média R$ 13. O GPA garante que os estoques foram renovados para atender à demanda que continua forte pelo item. De acordo com a assessoria do GPA, a procura por outros itens também foi surpreendente: a de canetas importadas apresentou alta de 122% de demanda, a de porta-material, 22%, e a de acessórios para escrita, 22%.

 

Outra que viu as vendas de material escolar baterem recorde neste ano é o Walmart Brasil, terceira colocada no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). De acordo com a varejista, a procura por artigos para as aulas foi 14% maior do que no mesmo período de 2009.

 

Já o Carrefour afirmou que as vendas de volta às aulas também são importantes para os resultados da companhia, mas ainda não tem o balanço das vendas na área fechado para informar.

 

Papelarias

 

Hoslei Pimenta, gerente comercial da Kalunga, rede com mais de 60 lojas e que atende tanto por atacado como a varejo, acredita que a rede terá crescimento de 15% com as vendas de volta às aulas no primeiro bimestre de 2010. A estratégia da rede foi apostar mais em itens da Copa para o retorno do recesso escolar de meio de ano, em agosto. "As vendas também crescem bastante nesse mês, tanto que a gente as chama de minivolta às aulas", afirma. "Acreditamos nestes produtos como motivo para mídia e estamos investindo, sim", explica.

 

De acordo com o gerente, a expectativa é de manter o ritmo acelerado de vendas até a segunda semana de março. "Temos de aproveitar. No ano passado crescemos 8%, e este ano as vendas estão bem melhores." Em recente entrevista ao DCI, Pimenta afirmou que a aposta da rede para o período era tamanha que fez com que a empresa adiantasse de um mês os preparativos para comercializar o material escolar.

 

Segundo o gerente, no primeiro trimestre do ano a companhia fatura 30% do total do ano. "É a época mais forte para nós", confirma Pimenta. Para ele, a estratégia para atrair o consumidor neste ano foi a facilidade de parcelamento, que pôde ser feito em até 10 vezes sem juros em todas as unidades da empresa. "É uma forma de garantir ao consumidor o acesso às novidades que a loja vai ter", contou Hoslei, na época.

 

Na Armarinhos Fernando, referência em artigos de papelaria na Rua Vinte e Cinco de Março, em São Paulo, e que vai inaugurar uma nova unidade na próxima semana na capital paulista, as vendas de material escolar bateram as expectativas por causa das ofertas de cadernos a preços até 20% menores que os da concorrência, garante Ondamar Ferreira, gerente da loja matriz da rede. "Tivemos um pico de vendas de 45 dias com vendas fortes."

 

Segundo Ferreira, a exposição dos materiais escolares nas lojas começou na última semana de dezembro. Foram adiantadas em uma semana para aproveitar também o momento de euforia dos consumidores no fim do ano e aumentar os resultados. "Mudamos no primeiro fim de semana depois do Natal, para aproveitar a melhor época para o nosso negócio."

 

A professora Heloísa Omini, da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acredita que investir produtos com temas de eventos esportivos é uma boa, mas alerta para o fato de que para não transformar a oportunidade de lucros em prejuízo é necessário planejar as compras com antecedência e manter um controle rigoroso dos estoques para atender à procura mais forte pelos produtos. "quem compra de última hora acaba pagando mais caro", conta.

 

Sem itens da Copa, e prejudicada pelas fortes chuvas na cidade de São Paulo, a rede Semaan viu crescimento tímido nas vendas, se comparado com as concorrentes. De acordo com Marcelo Moawad, dono da empresa, a alta foi dentro da média anual do setor e abaixo das expectativas da companhia para este ano - 5% entre janeiro e fevereiro. "Não chegamos a aproveitar o tema", diz o empresário. Segundo Moawad, as vendas em dias sem chuva foram "ótimas": "Vendemos mais de 10%".

 

Veículo: DCI


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