A indústria de beleza passou longe da crise em 2009. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio da Silva, o setor cresceu 14,75% no ano passado, faturando cerca de R$ 24,97 bilhões. "Apesar da crise, há um fator econômico importante: a renda do trabalhador não foi comprometida, o que, de forma geral, lhe preservou o poder de compra e este é um setor que não depende de crédito, e sim de renda", explicou o presidente.
As vendas da principal empresa brasileira nesse segmento, a Natura Cosméticos, por exemplo, cresceram 18,6% em 2009 e atingiram R$ 4,24 bilhões em faturamento, sobretudo nas áreas de Cosméticos e Fragrâncias (+15,- 5%) e Higiene Pessoal (+16,7%). O diretor-presidente da Natura, Alessandro Carlucci, em entrevista coletiva sobre o balanço anual reportou o lucro líquido de R$ 683,9 milhões, "um crescimento de 32,1% sobre o exercício anterior e mantivemos nossa rentabilidade (23,8%) acima de nossa meta de 23% que permanece para 2010".
Para este ano, Carlucci anunciou que a companhia está aumentando os investimentos em Capex, de R$ 140,6 milhões em 2009 para R$ 250 milhões, "vislumbramos a oportunidade de investir R$ 250 milhões em capacidade logística e manufatura, ou seja, aquisição de novos equipamentos para a ampliação da capacidade de produção, em TI para processos comerciais e de distribuição e na capacidade de nossa rede de separação e distribuição".
O diretor financeiro da Natura, Roberto Pedote, complementou: "focamos na capacidade de distribuição e TI para enfrentar a concorrência e manter o nosso nível de competitividade". Ao DCI, Alessandro Carlucci falou sobre os investimentos programados de R$ 110 milhões em inovação. "Vamos investir 2,6% da receita líquida em inovação, isso inclui pesquisa básica, descoberta de novas fórmulas e fragrâncias e desenvolvimento de 113 novos produtos". Mas questionado sobre novas fábricas, guardou segredo, e contextualizou as operações no exterior que já geram 7% da receita:
"O México já justifica [a implantação de uma fábrica lá] e nossos estudos indicam a produção de um terceiro, local. Afinal a operação logística de mandar xampus para lá é significativa", justificou. A Natura creditou a eficiência de seu crescimento ao seu programa de Consultoras Orientadoras e ao crescimento de 19,8% no número de consultoras, que alcançou 875 mil no Brasil, de um total de 1,034 milhão na América Latina.
Seu concorrente nacional, O Boticário, segue a mesma trilha de crescimento e investimentos. A indústria paranaense informou por meio de sua assessoria de imprensa que deve fechar as vendas do ano passado com 20% de crescimento e investimentos de R$ 85 milhões em 2010 na ampliação da fábrica em São José dos Pinhais (PR), para elevar a capacidade de produção em 40% nos próximos quatro anos, através da aquisição de novos equipamentos e edificações para a área de produção.
A multinacional americana Avon, representada no Brasil por sua unidade industrial em São Paulo, também informou, que estima crescer 5% em 2010 e que em 2009, cresceu 12% em vendas e lucro líquido no Brasil e que o número de suas consultoras locais avançou 10%.
Crise lá fora
Sem falar em investimentos, a Avon relatou dificuldades na Venezuela por causa da "abrupta desvalorização da moeda", informou ele.
Já o diretor financeiro da Natura, Roberto Pedote, falou que a questão de câmbio na Argentina é pontual. "Estamos recompondo as margens em função dos custos", assegurou.
A Natura registrou em seu balanço prejuízo anual de R$ 44,1 milhões na França e nos Estados Unidos, influenciado principalmente pela desativação das atividades norte-americanas.
"Temos R$ 500 milhões em caixa, e uma dívida baixa de 0,2 vezes o Ebitda do ano passado", explicou Pedote ressaltando a solidez da companhia.
Veículo: DCI