Região do Sul de Minas será a pioneira no país na fabricação do produto de oliva em caráter comercial.
O azeite com sotaque mineiro deverá estar disponível no mercado já a partir de abril, segundo a Epamig
A região Sul de Minas Gerais será a pioneira na fabricação de azeite de oliva em caráter comercial no país. A produção, que terá a primeira safra de azeitonas colhida este ano, deve gerar entre 800 e 1 mil litros de azeite. A expectativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) é que os produtores continuem investindo no segmento.
Um dos principais desafios é a formação de uma cadeia produtora no Estado. A medida será essencial, já que o mercado é considerado promissor. Todo o azeite consumido no país é originário de importações.
De acordo com o pesquisador da Epamig, João Vieira Neto, o azeite fabricado no Sul de Minas deve chegar ao consumidor em abril. Cerca de 50 produtores estão envolvidos no processo. As pesquisas e o desenvolvimento do projeto foram realizados na fazenda experimental da Epamig, localizada em Maria da Fé, no Sul do Estado.
"Vamos ingressar em um mercado novo e temos muitas etapas a serem desenvolvidas. O azeite produzido nas fazendas do Sul do Estado possui alto índice de qualidade, que é favorecido pelas temperaturas amenas registradas ao longo do ano", avaliou Vieira.
Este ano, a Epamig investiu cerca de R$ 150 mil na compra de uma máquina italiana com capacidade de extrair azeite de cerca de 100 quilos de azeitonas por hora, através do processo contínuo de centrifugação. O investimento, além de atender os experimentos desenvolvidos pela Epamig, será utilizado em parceiria com os produtores regionais. A vantagem do aparelho é a fabricação de um azeite com baixo índice de resíduos, diferentemente do que acontece com o processo artesanal.
A primeira safra de azeitonas a ser colhida neste ano em Minas deve gerar entre 800 e 1 mil litros de azeite
Mercado - A produção de azeitonas abrange cerca de 300 hectares, distribuídos em 20 municípios do Sul de Minas. As primeiras plantações de oliveira feitas pelos produtores da região foram iniciadas há cerca de quatro anos e os frutos já estão em fase de colheita. A expectativa é produzir cerca de 5 toneladas de azeitonas em 2010, o que dará origem a aproximadamente 1 mil litros de azeite.
A estimativa é que o litro de azeite seja comercializado entre R$ 25 e R$ 35, dependendo da qualidade do produto. Os custos de produção ficam em torno de R$ 10. Com o desenvolvimento do processo e a conquista do mercado, Vieira acredita que o produto mineiro possa sofrer valorização de 50% a 100% nos preços de comercialização ao longo dos próximos anos.
O investimento inicial para a produção, em um hectare, é de R$ 20 mil em até quatro anos, incluindo a compra das mudas e manutenção da cultura. Após este período a oliveira começa a produzir. A cultura é perene e pode se estender por mais de 20 anos. O retorno é obtido em até sete anos. O interesse dos produtores é crescente, segundo a Epamig, a cada ano dobra o número de interessados em adquirir mudas para ingressar no setor.
"A produção de azeite é promissora. A fabricação do Estado vem para atender uma grande parcela de consumidores que buscam por alimentos saudáveis, já que os índices de produtos químicos, como os conservantes, são menores que os importados", disse Vieira. Outra vantagem, que a cultura oferece é a possibilidade de os agricultores integrarem a produção com outros alimentos, como o milho.
Veículo: Diário do Comércio - MG