Com estoques reforçados e ansiosos para colher melhores resultados, frente à crise do ano passado, fabricantes de chocolate oferecem itens a preços de R$ 0,99 a R$ 1,5 mil
Está aberta a temporada de euforia no mercado de chocolates. A pouco mais de um mês da Páscoa, os fabricantes apostam todas as fichas em novidades, como esconder brinquedos dentro dos ovos e apelar para personagens de desenhos animados, de autores como Monteiro Lobato e para super-heróis. Não parece, no entanto, que será fácil conquistar o consumidor, já que a guloseima chega até 8% mais cara, na comparação com os preços praticados ano passado. Outro desafio para a indústria está no calor atípico, que combina menos com o produto. Para se ter uma idéia da briga do setor pelos clientes, a população compra 80% de tudo que é exposto nas parreiras de supermercados em apenas três dias.
Mas os fabricantes não se sentem nem um pouco inibidos, mesmo que 3% de tudo o que foi exposto no varejo tenham sido devolvidos em 2009. Este ano, há ovos de Páscoa para todos os gostos e bolsos. O mais barato custa R$ 0,99 e o mais caro chega a R$ 1,5 mil. “É um ovo de 10 quilos geralmente feito por encomenda. Algumas pessoas pedem para colocar chaves de carro zero ou casa própria dentro para presentear a pessoa querida”, justifica Renata Moraes Vichi, vice-presidente da Kopenhagen, fabricante do item.
Líder do mercado no país, a Lacta vai jogar no mercado 21 milhões de ovos de páscoa distribuídos em 47 itens, sendo 16 deles novidades. “Ninguém gosta de comprar ovo com embalagem repetida”, diz o diretor da empresa, Eduardo Caldas. A maior fatia do público que vai consumir os produtos está nas classes B e C e quase a totalidade dos clientes são mulheres. A produção da empresa aumenta 35% no período próximo do feriado cristão.
Em um salão de ovos aberto, ontem, em São Paulo, os principais fabricantes apresentaram as novidades a um público seleto. Uma das maiores tendências serão os ovos com maior percentual de cacau. Alguns deles têm até o formato da fruta que serve de matéria-prima para o produto. Outra aposta do mercado são ovos sem açúcar e sem lactose. Há, ainda, ovos de gosto duvidoso que explodem na boca de quem der uma mordida, além de variada gama de brinquedos e apetrechos que são postos dentro deles, como bonecos, carrinhos, relógios e estojos.
A corrida do consumidor ao mercado para comprar ovos de Páscoa é justificada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate e Derivados (Abicab), Getúlio Ursulino Neto: um momento de felicidade, ante tantos problemas no dia a dia das grandes cidades.O gerente de marketing da Garoto, André Barros, reconhece que será um grande desafio vender mais ovos este ano frente ao resultado de 2009, quando o mercado ainda enfrentava a ressaca da crise financeira. A fabricante despejará 20 milhões de ovos em 4 mil pontos de vendas. De acordo com Gabriel Porciani, diretor de marketing de chocolates da Arcor, a empresa estima vender 10% a mais nesta Páscoa, mesmo com o reajuste de preços de 5%, em média, frente ao ano passado. Já Stefenson Soalheiro, gerente de marketing da Cacau Show, espera expansão de 50% nas vendas e de 42% só na produção de ovos.
Veículo: O Estado de Minas