Para fugir da baixa, produtor de algodão deve fixar preços

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O processo de recuperação da cotonicultura brasileira atinge o nível de euforia. Segundo Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, o momento do produtor fixar preço chegou no início deste mês, quando os contratos do algodão com vencimento em maio atingiram o pico de 84,60 centavos de dólar de libra-peso em Nova York. Julho fechou a 84 centavos de dólar de libra-peso.


Para Biegai, apesar de hoje a cotação estar em queda (82,83 centavos de dólar de libra-peso), o preço é considerado historicamente bom e não deve se sustentar por muito tempo. "Quem tem algodão para travar com em maio e julho a hora é agora. O cavalo ensinado já está passando, é preciso pegá-lo pelo rabo", afirma.


Por outro lado, de acordo com João Carlos Jacobsen, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), as tradings e a indústria estão comprando apenas para consumo imediato. "Não está ocorrendo muita liquidez", afirma.


Para Jacobsen, este é um momento peculiar e passageiro. Já que, de acordo com o analista, os contratos futuros com vencimento em outubro atingiram a cotação máxima de 76,84 centavos de dólar de libra-peso - preço pautado pela concentração da safra mundial que ocorre no mês. "A indústria não vai comprar mais caro para vender mais barato depois. Eles estão reduzindo estoque, pelo menos até o valor voltar ao patamar dos 70 centavos de dólar de libra-peso", disse o presidente da Abapa.


Esta discrepância, para Biegai, ocorreu devido a uma projeção do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA) de alta na demanda mundial, puxada principalmente pela China, para o primeiro semestre de 2010.


De acordo com Haroldo Rodrigues da Cunha, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a indústria está pagando em torno de 75 centavos de dólar por libra-peso. "A exportação não reflete os 82 (centavos de dólar de libra-peso). Eles olham para dezembro e vêem o preço a 74 [centavos de dólar de libra-peso]", afirma.


Cunha disse ainda que cerca de 250 mil toneladas desta safra já foram vendidas no mercado futuro abaixo de 68 centavos de dólar por libra-peso. "Mas ainda tem muito algodão para vender", emenda o analista.


Levantamento da Abrapa aponta uma produção para esta safra de 1,3 milhão de toneladas do produto, para um consumo interno de 950 mil toneladas e exportação de 400 mil toneladas. "Hoje o produtor tem na mão uma média máxima de 80 mil toneladas de algodão, mas não tem qualidade", comenta.


Para Cunha a preocupação do setor está focada na safra 2011. Segundo ele, a cotação futura para contratos de julho será de 77,00 centavos de dólar de libra-peso. "Bem menos que em 2010, em função da estimativa de aumento de plantio mundial", afirma.


O presidente da Abrapa acredita ainda que a safra brasileira 2010/2011 deve entrar o ano com pelo menos 50% vendida a uma média de 75, centavos de dólar por libra-peso. "No Brasil prevemos um aumento de 20% na produção de algodão", diz.


Para o analista, o País tem potencial para avançar de 30 a 40%, mas isso só seria possível se a cotação atingisse 90 centavos de dólar por libra-peso.


Ainda segundo Biegai, o produtor brasileiro tem condições, conhecimento e infraestrutura para ampliar produção. "O avanço de 20% representa 180 mil hectares, não é muita coisa. Para se ter uma ideia, se crescermos 30%, o País voltará ao montante de área de dois a três anos atrás", calcula.


Último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 3.168.8 milhões de toneladas de algodão em caroço e 1.238.2, em pluma.


Com a crise econômica mundial, deflagrada há dois anos, de acordo com o analista, o Brasil sofreu redução de área. "Desde então estamos em processo de recuperação", considera.


Ainda de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento, o norte-nordeste (Maranhão e Piauí) foi a região que mais apresentou redução de área, de 6,1%, se comparada a safra anterior. Na Bahia, na região oeste do estado a redução de área foi de 5,8%. No Estado de São Paulo também houve queda e área e no Paraná a cotonicultura está praticamente extinta.


Veículo: DCI


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