Exportações de café recuam 15%

Leia em 4min

Como era esperado, o ciclo de baixa da bienualidade do café começou a ter impactos sobre as exportações brasileiras, que atingiram em fevereiro o menor patamar desde agosto de 2008. No mês passado, os embarques nacionais ainda da safra 2009/10 somaram 2,22 milhões de sacas, 10,5% menos que em janeiro e 15,1% abaixo de fevereiro do ano passado, quando a cafeicultura estava no fim de seu último ciclo de alta, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

 

Em receita, as vendas externas do mês passado renderam ao país US$ 361,36 milhões, queda de 6,2% em comparação a janeiro, mas um aumento de 1,1% ante fevereiro de 2008. O resultado da equação "volume menor e receita maior" elevou o preço médio de exportação para US$ 162,17 por saca, o mais alto desde outubro de 2008.

 

"Essa queda no volume já era esperada. A safra colhida a partir do meio do ano passado foi pequena e a disponibilidade de produto para exportação está cada vez menor. Acredito que essa tendência deve se manter até a entrada da próxima safra, a partir de junho deste ano", afirma Sérgio Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes.

 

Do total embarcado em fevereiro, o principal destaque foi o café torrado. O produto com maior valor agregado somou 7,4 mil sacas, volume quase quatro vezes maior que o exportado em fevereiro de 2009 e duas vezes superior ao de janeiro deste ano. As vendas externas de café torrado renderam no mês passado US$ 2,2 milhões, duas vezes mais que fevereiro e 4,2 vezes acima do mesmo período do ano passado.

 

No caso do café solúvel, foram exportadas 217,17 mil sacas no mês passado, queda de 2,5% ante fevereiro de 2009 e de 8,6% em comparação a janeiro. Em receita, os US$ 35,8 milhões obtidos representam queda de 3,8% ante o mesmo período do ano passado e de 6,7% sobre o primeiro mês do ano.

 

O maior volume e a maior receita ainda se concentram no café verde. Juntas, as exportações de café arábica e de conillon representaram 90% do volume embarcado no mês passado e 89,5% da receita obtida com as vendas. Foram 2,003 milhões de sacas exportadas em fevereiro - 1,98 milhão de sacas de café arábica e 21,99 mil de conillon -, uma retração de 10,9% sobre janeiro e de 16,5% ante o mesmo período do ano passado.

 

A receita com as exportações de café verde renderam ao país no mês passado US$ 323,29 milhões - US$ 320,92 milhões de arábica e US$ 2,37 milhões de conillon -, queda de 6,5% em comparação a janeiro, porém aumento de 1,1% ante fevereiro do ano passado.

 

"Os importadores sabem que a safra de junho será grande e também reduzem a demanda. De qualquer forma, os preços subiram nos últimos 12 meses e a tendência no longo prazo é de alta", afirma Carvalhaes.

 

Preços acumulam alta de 22% em NY


 
Os preços do café no mercado internacional estão tentando acordar, depois de passar praticamente todo o mês de fevereiro sem maiores oscilações. Ontem, os contratos com vencimento em maio terminaram o dia com valorização de 70 pontos em Nova York, cotados a US$ 1,3110 por libra-peso.

 

O motivo para esse período relativamente tranquilo foi a influência das oscilações do dólar sobre praticamente todas as commodities. Muitos investidores fugiram para a moeda americana após os problemas econômicos da Grécia, retirando recursos do café e outros produtos. "Mesmo com a alta de ontem, os preços ainda estão no intervalo que vinham trabalhando. Até existe sinais de aumento da demanda por parte da indústria, mas elas estão preferindo consumir seus estoques. Mesmo assim, isso pode favorecer uma alta de preços nos curto prazo", afirma Rodrigo Costa, analista da corretora Newedge, de Nova York.

 
 
Apesar de não terem oscilado muito nas últimas semanas, as cotações do café estão em um patamar 22,3% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Mesmo com a pressão vendedora de fundos, o baixo nível dos estoques, o aumento da demanda e a redução da oferta mundial, mesmo com uma grande safra brasileira por vir, têm dado forte suporte aos preços, que também se reflete no mercado interno.

 

Dados do Centro de Estudos Avançadas em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o preço médio da saca de café em fevereiro foi de R$ 278,45. Esse desempenho supera em 3,4% o resultado apresentado em fevereiro do ano passado, quando o preço médio medido pelo Cepea foi de R$ 269,34 por saca. (AI)
 


Veículo: Valor Econômico

 


Veja também

Com aporte de R$ 197 milhões, Cargill expande seu complexo em Uberlândia

A Cargill inaugurou ontem a expansão de sua fábrica de amidos e adoçantes derivados de milho em Ube...

Veja mais
Walmart amplia mix de produtos dos EUA para reter clientes

O Walmart, maior rede varejista do mundo, começou a recolocar nas prateleiras alguns produtos que havia removido ...

Veja mais
Vendas de Páscoa

A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping espera crescimento de 28% nas vendas de chocolates e produ...

Veja mais
Cesta básica do Dieese sobe em 16 capitais

O preço da cesta básica de alimentos subiu, em fevereiro, em 16 capitais brasileiras. O dados, divulgados ...

Veja mais
Cosméticos importados devem subir de preço

A preocupação da indústria de beleza no Brasil foi garantir que o aumento da alíquota de imp...

Veja mais
JBS nega interesse na compra de ativos da Parmalat

O frigorífico JBS-Friboi frustrou ontem as expectativas do mercado a respeito de uma nova aquisição...

Veja mais
Criadores de ovelhas e cabras apostam em ano positivo

A caprinovinocultura no Brasil está em pleno processo de expansão, com potencial para em médio praz...

Veja mais
Panificação

O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado do Paraná vai representar o ...

Veja mais
Rede varejista chilena Cencosud avança ainda mais no Nordeste

A rede varejista chilena Cencosud, que é dona da rede de supermercados GBarbosa no País- considerada como ...

Veja mais