A exemplo do cigarro e do álcool, a alimentação infantil está prestes a se tornar alvo de restrições por parte das autoridades, principalmente no que diz respeito à propaganda.
O tema voltou à tona nos últimos dias, impulsionado por uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que apontou consumo excessivo de produtos ricos em colesterol e gordura trans entre 3 mil crianças, pesquisadas durante oito meses em nove estados: Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.
O estudo argumenta que o problema no Brasil, hoje, não é mais o acesso aos alimentos, mas a qualidade do que é oferecido à criança. As análises feitas pela universidade revelam ingestão insuficiente de fibras, vitaminas e ferro e consumo exagerado de gordura, sal e açúcar. Resultado: 27% dos pesquisados apresentaram excesso de peso, e 11%, obesidade.
O levantamento da Unifesp embasará um relatório a ser encaminhado ao Governo Federal para adoção de políticas voltadas ao tema.
O assunto tem preocupado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que planeja fazer, ainda neste ano, uma consulta pública sobre a propaganda de alimentos voltados ao público infantil. A meta final é estabelecer critérios para a veiculação.
O órgão classificou como preocupante o resultado de uma outra pesquisa, financiada pelo Ministério da Saúde, que apontou a predominância de alimentos ricos em gordura, sal e açúcar nos anúncios em TVs e revistas.
Na análise de mais de 4 mil horas de televisão e 128 mil peças publicitárias, constatouse que os fast-foods lideram, com 18% das propagandas. Na sequência aparecem guloseimas e sorvetes (17%), refrigerantes e sucos artificiais (14%) e salgadinhos de pacote (13%).
CAMPANHA
Quem também está entrando na briga é a Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, que lançará no próximo mês uma campanha em favor de uma alimentação mais saudável para as crianças. Além da limitação da propaganda voltada aos pequenos, a entidade quer mudanças na composição dos produtos.
"Não pode haver liberalidade com produtos sabidamente prejudiciaisà saúde", defende a associação.
Veículo: A Tribuna de Santos