Fundo de private equity vai integrar empresa com Leitbom, adquirida em 2008
A aquisição dos ativos da Laep pela GP Investimentos está criando uma nova gigante no mercado de lácteos. A companhia de private equity GP vai integrar as operações da Parmalat à Leitbom, indústria goiana comprada em 2008. Juntas, as duas empresas possuem 10 fábricas emoperação, com base geográfica mais dispersa e marcas fortes como Parmalat, Glória e Poços de Caldas.
A soma de Leitbom e Parmalat também deve trazer ganhos de escala significativos. A nova empresa deve se posicionar entre as cinco maiores captadoras de leite do país, na avaliação do consultor do mercado de leite Rafael Ribeiro de Lima Filho,da ScotConsultoria.
Considerando os dados mais recentes disponíveis, de 2008, a soma de Parmalat e Leitbom chega a um consumo anual de 1,3 bilhão de litros, o que posicionaria a companhia resultante da fusão como terceira maior empresa do setor naquele ano, atrás apenas da Nestlé e da Perdigão (marcas Elegê e Batavo), e praticamente empatada com a Itambé. “Mas é preciso considerar que a Parmalat deve ter perdido volume de lá para cá”, diz Lima Filho.
Ganhos da operação
Tanto a marca quanto as plantas fabris da Parmalat constituem ativos interessantes para as operações da GP emlácteos, na visão do consultor. As cinco usinas de beneficiamento da Leitbom(quatro em Goiás e uma no Pará) poderão fabricar produtos Parmalat, ganhando a força da marca. A GP também passa a ter uma marca nacional de lácteos, o que amplia a área de potencial atuação.
Além disso, a Parmalat dá à Leitbom operações industriais no Sudeste, que consome 70% do leite longa vida do país. “A Parmalat tem uma fábrica em Minas Gerais, que é omaior estado produtor de leite, e duas em São Paulo, que é o maior consumidor”, constata Lima Filho. Outras duas unidades da Parmalat ficam em Goiás e noRio de Janeiro.
Em comunicado, a GP diz que vai unificar as operações sob a Leitbom. Em troca dos seus ativos, a Laep fica com40%da nova companhia. Considerando o valor de R$ 308 milhões que a GP pagou pela Leitbom em 2008, mais R$ 50 milhões pagos pelas marcas Poços de Caldas e Paulista, sem levar em conta eventuais investimentos e valorização da Leitbom, a Parmalat foi avaliada em cerca de R$ 238 milhões.
Pela cotação das ações da Laep de sexta-feira, o valor de mercado da companhia era de cerca de R$ 230 milhões.
Vende-se
A Laep vinha enfrentando fortes dificuldades financeiras desde 2008, e desfez-se de ativos como a fábrica de Carazinho (RS), vendida à Nestlé, e as marcas Poços de Caldas e Paulista, compradas da Danone e vendidas à Leitbom quatromeses depois.
O desfecho da história da empresa à frente da Parmalat é bem diferente do planejado pelo empresário que comanda o negócio, Marcus Elias. Quando assumiu a Parmalat emrecuperação judicial, em 2005, tinha como meta ser o maior consolidador do mercado de lácteos do país. Desde o ano passado, inverteu a estratégia, reposiciou- se para a condição de consolidado e passou a procurar compradores para a Parmalat.
Veículo: Brasil Econômico