Preço de alimentos não dá trégua em SP

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Apenas seis dos 20 itens mais consumidos pelos moradores de São Paulo ficaram mais baratos em 2008. E o paulistano não deve esperar mais quedas no curto prazo

 

Entre os 20 alimentos mais consumidos pelo paulistano, apenas seis ficaram mais baratos em 2008. Feijão, café, peixe, limão, batata e alface foram os únicos produtos dessa lista que, no acumulado de janeiro a agosto, apresentaram queda de preços, de acordo com o Índice de Custo de Vida (ICV) medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)na Grande São Paulo.

 

No mês de agosto, os principais índices de inflação mostram que os preços dos alimentos, principais vilões do bolso do consumidor em 2008, finalmente começaram a cair. O ICV, por exemplo, registrou queda de -0,29% para esse grupo.

 

Mas isso não deve ser motivo de entusiasmo. “Como os alimentos tiveram aumentos muito acentuados esse ano, as quedas de preço que estamos observando agora não são suficientes para compensar as altas anteriores”, ressalta Cornélia Porto, coordenadora do ICV. “A comida continua cara, só que os preços agora pararam de subir.”

 

Apenas 49 dos 225 alimentos pesquisados pelo ICV estão mais baratos hoje do que estavam em janeiro. Pior: 60% dos itens avaliados registraram alta de preços superior à inflação do período (4,85%). Com isso, o grupo alimentação, embora tenha dado trégua no último mês, acumula variação de 9,02% no ano.

 

“Nas bolsas de mercadorias internacionais, a cotação dos alimentos está caindo desde julho”, observa o especialista em agronegócio Carlos Eduardo Stempniewski, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA). “Porém, essa redução não chegou - e dificilmente vai chegar - até o consumidor final.”

 

A inflação dos alimentos em 2008 foi pressionada, em parte, pelo aumento do consumo em todo o mundo. “Com o aquecimento da economia em países como China, Índia e até mesmo o Brasil, a renda das famílias aumentou, e, com mais dinheiro no bolso, elas puderem comer mais e melhor”, diz o economista Paulo Pichetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV-SP.

 

Mas o aumento de preços teve também um componente especulativo. Para os especialistas, a alta das commodities (alimentos comercializados nas bolsas de mercadorias internacionais)foi, em boa medida, artificial. “Os investidores apostaram nos fundos agrícolas e inflaram os preços dos alimentos, deixando-os em patamares muito altos, que não correspondiam à realidade”, diz o economista Alcides Leites, professor da Trevisan Escola de Negócios. “Agora, essa ‘bolha’ está se desfazendo, e os preços no mercado internacional estão baixando para valores mais realistas.”

 

Porém, até agora, o consumidor não conseguiu se beneficiar dessa queda. “Os varejistas não vão baixar os preços”, prevê Stempniewski. “Chegou a vez de eles lucrarem.” O professor da FIA explica que, quando os preços dos alimentos subiram, os supermercados tiveram que reduzir suas margens de lucro para não repassar todo aumento aos clientes. Agora, é hora de eles recomporem suas margens. “Portanto, o consumidor pode esperar, no máximo, que os preços fiquem como estão.”

 

Ou nem isso. Na avaliação de Pichetti, da FGV-SP, o cenário internacional pode complicar a vida dos brasileiros. “Embora a crise financeira mundial deva reduzir o consumo, especialmente nos EUA e na Europa, e também derrubar as cotações dos alimentos, ela pode mexer na nossa taxa cambial”, destaca Pichetti. Se o dólar subir mais - na semana passada, a moeda chegou perto dos R$ 2 -, o produtor brasileiro vai preferir exportar sua safra e, além disso, os alimentos importados ficarão mais caros.

 

“O comportamento do dólar é o fator que pode trazer alguma surpresa”, avalia Pichetti. “Mas, se dependermos apenas da produção interna, o consumidor pode ficar sossegado: a previsão é que as safras este ano batam todos os recordes.”

 

DICAS PARA ECONOMIZAR

 

A principal recomendação é retomar o hábito dos tempos de inflação alta e voltar a pesquisar preços em mais de um mercado

Para evitar perda de tempo, acesse os sites dos supermercados e descubra as promoções em cada rede

Freqüente o supermercado mais de uma vez por semana para aproveitar as ofertas do dia

Também é possível reunir um grupo de pessoas e optar pelos supermercados atacadistas, que costumam ter preços mais em conta

Substituir a marca que você compra por uma mais barata é outra alternativa para economizar

Redes costumam ter produtos de marca própria, que tendem a custar menos que os similares

Mude o cardápio. Substitua, algumas vezes, a carne pelo peixe, que, além de ser mais barato, também é saudável

 


Veículo: Jornal da Tarde


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