Em Santa Catarina, a rivalidade ainda existe

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Para funcionários de fábricas da região, reduto das famílias Fontana e Brandalise, ainda é difícil aceitar a venda da Sadia para a concorrente

 

O aposentado Valdir Schumacher, 59 anos, está na dúvida se vai se acostumar com os produtos da Perdigão. Desde os 19 anos, quando começou a trabalhar na fábrica de Concórdia, só entram na sua cozinha produtos da Sadia. "Meu filho é gerente na empresa. Acho que temos que experimentar, mas não sei se vou gostar", disse.

 

Ele conta que, quando entrou na Sadia, "teve a felicidade" de ser convidado para um aniversário do "seu" Atílio Fontana, o fundador da empresa. Para Schumacher, a venda da Sadia para a Perdigão foi um golpe duro.

 

"Ninguém acreditava que isso fosse ocorrer um dia. Sempre ouvi falar que a Sadia ia comprar a Perdigão. Vende para o estrangeiro, para qualquer um, mas não para a Perdigão", disse.

 

Schumacher é de um tempo em que trabalhar para uma das duas empresas era como pertencer a uma religião. A proximidade com os donos ajudava os funcionários a se identificarem com as companhias.

 

As famílias Fontana e Furlan foram as últimas a deixar o controle dos frigoríficos que surgiram no Oeste de Santa Catarina e se tornaram marcas famosas em todo o País. Os Brandalise já tinham perdido a Perdigão bem antes. Também nasceram na região a Seara, comprada pelo Marfrig, e a Chapecó, que faliu.

 

Os habitantes mais antigos de Concórdia, sede da Sadia, lembram de um tempo em que o candidato apoiado por Atílio Fontana sempre vencia a eleição. Recordam também como o patriarca da Sadia ajudava o afilhado político a definir as prioridades para a cidade.

 

"Essas empresas não são mais catarinenses", disse o vice-presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina , Enori Barbieri. "O que nos preocupa é perder o nosso poder de negociação."

 

Os frigoríficos ainda são o motor da vida econômica das cidades do Oeste catarinense. O temor desses municípios é perder plantas para o Centro-Oeste, uma migração que já está ocorrendo, porque as empresas vão em busca de milho e soja mais baratos para a ração dos animais.

 

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Concórdia, Glaucemir Grendene, conta que a participação da Sadia na arrecadação do município é de 40%, e que boa parte dos 60% restantes vem de empresas ou negócios ligados ao frigorífico.

 

Passado o susto inicial, o sindicato dos trabalhadores da Sadia diz que está tudo "muito vago". O medo não é perder o emprego, mas os benefícios como o plano de aposentadoria da Fundação Atílio Fontana. / r.l.

 

Veículo: O Estado de São Paulo


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