Remédios variam até 276% na região

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A variação de preços entre o mesmo medicamento genérico pode chegar a até 276,6% na região. A reportagem do Diário visitou 12 farmácias nas cidades de Santo André, São Caetano, São Bernardo e Mauá e detectou que o consumidor precisa gastar sola de sapato para pesquisar muito antes de comprar o seu medicamento.

 

Assim como no levantamento feita pelo Procon-SP na semana passada na cidade de São Paulo, a maior diferença nos custos ficou com o diclofenaco sódico, embalagem de 20 comprimidos. O preço mais baixo foi encontrado em São Bernardo (R$ 2,99) e o mais caro em Mauá, onde o item era comercializado por R$ 11,26.

 

Os preços do frasco de 10 ml de Dipirona aparecem em segundo lugar na escala. O mais barato era vendido ontem por R$ 0,99 "na promoção", enquanto o mais caro saía a R$ 3,25. O Diazepan de 10 mg genérico também trazia claras distorções nos preços, com variação de até 214%. Em Santo André o produto mais caro custava R$ 8,66 e o mais baixo R$ 2,75.

 

Os preços da Amoxicilina, que divergem 188%, e do Captropil, que varia até 210,8%, são os únicos cujos preços diferem pela oferta da Farmácia Popular - opção de pagar menos por medicamentos de uso controlado - e não unicamente pela mudança no laboratório fabricante.

 

No caso do antibiótico amoxicilina, drogarias jogam o preço das caixas com mais comprimidos para o alto para facilitar a saída dos itens com menos cápsulas. Nestes casos, o consumidor, em vez de comprar uma caixa com 30 comprimidos, é obrigado a levar duas de 20 para pegar preços mais em conta. "Vendemos mais barato as outras caixas para ter saída melhor", alerta um vendedor que preferiu não se identificar.

 

Para explicar as diferenças nos valores oferecidos nos mesmos medicamentos, o presidente da Sincofarma ABC (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos), Clóvis Parreiro Pimentel, recorreu à competitividade acirrada dentro da indústria farmacêutica. "Temos uma variedade de mais de 100 marcas só de diclofenaco. Um laboratório fabrica, registra e impõe preço. O outro, sabendo que terá de vender, fabrica, registra e bota o preço menor. E assim funciona durante toda a trajetória. Fica muito difícil controlar."

 

No entanto, o presidente avalia que a corrida pela competitividade pode ocasionar a venda de itens duvidosos, o que requer ainda mais atenção do consumidor. "A lei da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária ) diz que ninguém pode vender medicamentos pelo lucro, mas muitos estão preocupados em acumular riquezas", adverte Pimentel.

 

A escolha do ponto de vendas e o número de funcionários de cada drogaria até podem ser apontados como desculpa para a variedade de preços, mas a coordenadora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, atesta que a discrepância é demais para que comerciantes possam utilizar isso como desculpa. "O valor é tabelado pelo governo. A prática de preço é livre, não podemos fazer muito. Há abuso daqueles que praticam valores extorsivos. É preciso existir razoabilidade, bom senso e não de não causar abusos ao consumidor. Cobrança acima da média é desrespeito", pontua.

 

Medicamentos terão reajuste no fim do mês

 

Além da disparidade nos preços praticados, o consumidor deve preparar-se para aumentos até o fim do mês. Farmacêuticos afirmam que haverá variação de até 5% nos itens por conta do reajuste da tabela repassada pelo governo. "Mas será algo muito pequeno. Mal dará para sentir", avisam os comerciantes, quando questionados sobre o assunto.

 

O presidente do Sincofarma ABC (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos), Clóvis Parreiro Pimentel, não esboça a mesma opinião. "O bolso do consumidor não suporta isso. Principalmente os aposentados que têm inúmeros remédios controlados para tomar. O empresariado não deveria praticar aumento porque já está tudo muito caro. Conversamos muito, mas a variação está nos similiares. Neste momento isso era desnecessário" aponta.

 

Com a mudança na tabela, os comerciantes alertam que as alterações acontecerão automaticamente e não apenas com o fim dos atuais estoques. "Temos de seguir a média dos preços tabelados pelo governo. A alteração acontece assim que recebemos isso. Não há muito o que fazer", defende um atendente de uma farmácia de São Caetano, que preferiu não se identificar.

 

APOSENTADOS - Com cerca de 50% da renda mensal comprometida com medicamentos, os aposentados da região já se articulam para pedir ao governo Federal, à Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e ao Ministério da Saúde novas regras no tabelamento de remédios.

 

Amanhã, o Sindicato dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABC promete entregar documento pedindo congelamento dos preços e maior rigor na fiscalização dos custos praticados no mercado na venda de medicamentos controlados.

 

O presidente da associação, Benedito Marcílio, alerta que a classe já enfrenta dificuldades para comprar. "As farmácias populares são poucas e as particulares estão com a responsabilidade de distribuição dos genéricos. Está comprovado que, logo, não conseguiremos mais comprar remédios."

 

Veículo: Diário do Grande ABC

 


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