Segmento puxa crescimento de 1,6%das vendas do varejo em fevereiro, aponta levantamento do IBGE
Amanutenção do poder de compra dos consumidores, com o reajuste do salário mínimo, impulsionou as vendas do segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem maior peso na pesquisa mensal de comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas desse grupo subiram 3% em fevereiro na comparação com janeiro, na maior expansão desde setembro de 2007. Esse foi um dos principais motores do crescimento das vendas do varejo em fevereiro, que subiram 1,6% em relação a janeiro e 12,3% em relação a fevereiro do ano passado.
O técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, avalia que o aquecimento da economia permitiu um “crescimentomais consistente” das vendas do varejo emfevereiro. As vendas do comércio registram alta de 11,3% no bimestre e, nos últimos 12 meses até fevereiro, variação positiva de 6,9%. “Os resultados refletemo aquecimento da economia, mas também uma base de comparação deprimida de fevereiro de 2009.”
As vendas de hiper e supermercados aumentaram 11,5% em relação a fevereiro do ano passado e também foram responsáveis, sozinhas, por 5,9 ponto percentual, ou 48%da expansão total das vendas do comércio varejista no mês. Pereira avalia que o bom desempenho desse segmento está relacionado ao aumento da renda dos trabalhadores, impulsionado pelo reajuste do salário mínimo a partir de janeiro deste ano. Segundo ele, a manutenção do poder de compra dos consumidores tem beneficiado esse segmento, que acumula aumento nas vendas de 10,8% no primeiro bimestre e de 9,1% em12meses.
O técnico também destacou a aceleração no aumento das vendas varejistas de material de construção em fevereiro, com expansão de 2,8% na comparação comjaneiro, acima damédia do varejo, de 1,6%. Além disso, houve alta de 15,1% na comparação com fevereiro do ano passado. No primeirobimestredoano o setor dematerial de construção acumula alta de 12,2% nas vendas, mas o resultado em12meses prossegue negativo (-3,2%).
Das 10 atividades pesquisadas pelo IBGE, apenas os segmentos de equipamentos de escritório e informática (-0,8%) e de livros, jornais e papelaria (- 2,2%) registraram queda nas vendas em fevereiro ante o mês anterior. Segundo Pereira, essa queda deve ser vista como uma “acomodação” após sucessivos crescimentos, enquanto o segmento de papelaria pode ter refletido antecipação de compras para volta às aulas em janeiro.
Em relação a fevereiro de 2009, todas as atividades pesquisadas registraram aumento nas vendas, a maior parte de dois dígitos. Os destaques, em termos de magnitude do crescimento nessa comparação, ficaram com móveis e eletrodomésticos (22,2%), equipamentos de escritório e informática (18,8%), veículos e motos, partes e peças (16,0%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (15,5%) e material de construção (15,1%).
Antecipação
Para o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani, o crescimento das vendas no varejo de fevereiro refletemais um processo de antecipação do que de aceleração do consumo no país no final do segundo bimestre deste ano. “Os resultados mostraram claramente números ainda fortes para as vendas, mas elas ainda são explicadas pela questão do fim dos estímulos fiscais.”
O economista da Tendências Alexandre Andrade ressalta que o aumento das vendas foi disseminadas tanto no segmento não-duráveis como duráveis, estimulados pelo crescimento da renda da população. Para Andrade, o ciclo de alta de juros que o Banco Central (BC) deve iniciar não deve provocar uma desaceleração intensa do nível de atividade e, por consequência, das vendas.
Veículo: Brasil Econômico