São Paulo tenta revitalizar o chuchu

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Pesquisador mapeia as áreas produtivas e defende assistência técnica para produtor se sentir estimulado

 

O chuchu está entre as dez hortaliças mais consumidas do Brasil, mas recebe pouca atenção dos órgãos de pesquisa. Apesar da larga tradição de consumo, até hoje não foram desenvolvidas variedades que incorporem melhoramentos genéticos, nem há mudas ou sementes à disposição. "É uma cultura esquecida", diz o pesquisador Miguel Francisco de Souza Filho, do Instituto Biológico (IB-Apta).

 

Ele coordena um trabalho iniciado pela Secretaria de Agricultura paulista para tentar tirar do ostracismo essa hortaliça da família das cucurbitáceas, originária do México. Em março, o pesquisador coordenou um encontro com produtores de Amparo (SP), para discutir os problemas da cultura, sobretudo no aspecto sanitário.

 

Antes, ele já realizara um amplo diagnóstico da situação em propriedades da região. O próximo passo será elaborar um projeto temático para a cadeia do chuchu, envolvendo a parte fitotécnica, manejo da cultura, irrigação e suporte comercial. "A ideia é desenvolver o projeto e mandar para órgãos de fomento para que o chuchu vire alternativa real de renda."

 

Familiares. Conforme o pesquisador, o chuchu é uma cultura de pequenas propriedades, própria para a agricultura familiar. São Paulo está entre os principais produtores, sendo Amparo a área de maior produção. Há culturas expressivas também em Iguape, litoral sul de São Paulo, Mogi das Cruzes e Parelheiros, na Grande São Paulo, e Sorocaba.

 

Clima. Em razão do clima tropical e subtropical do Estado, o chuchu pode ser cultivado em qualquer estação, com produção o ano todo. Souza Filho visitou pessoalmente 18 produtores na região de Amparo, em vários meses do ano passado, para verificar os principais problemas da cultura. Segundo ele, todos os produtores cultivam outros hortigranjeiros, mas apenas a metade recebe algum tipo de assistência técnica. O sistema de condução em forma de parreira pode não ser o mais adequado. "Nas regiões mais úmidas, talvez seja melhor o plantio em cerca ou espaldeira."

 

Mais de 80% dos produtores não fazem rotação de cultura e apenas um fez análise de solo. A maioria adota sistema de irrigação por jato acima do parreiral, prática incorreta, segundo o pesquisador, pois favorece o surgimento de pragas. "A irrigação mais eficiente é por microaspersão próxima da raiz."

 

Souza Filho detectou pragas importantes para a cultura, como o tripes, inseto que ataca as folhas, o ácaro rajado, comum a outras hortaliças, e a broca da haste, besouro que deposita larvas no interior dos brotos.

 

Menos significativos, foram detectados surtos de mosca branca e pulgão e, ainda, infestação por caramujos. Em relação ao controle de pragas, ele acredita que a IN 1, do Ministério da Agricultura (Veja pág. 3) pode melhorar a situação do produtor.

 

"O chuchu pode ser incluído no grupo de hortaliças não folhosas, o mesmo da abobrinha e do pepino." Essa inclusão, segundo o pesquisador, pode gerar o interesse de algumas empresas em fazer o registro de certos defensivos, já que o leque de eventuais consumidores passa a ser maior.

 

Cooperativas. O pesquisador acredita, ainda, que a união dos produtores em torno de associações ou cooperativas contribui para a evolução da cadeia produtiva. Em Amparo, os produtores criaram há oito anos a Cooperativa dos Produtores de Chuchu, uma das poucas voltadas para a hortaliça. Além de treinar os agricultores, a cooperativa passou a dar suporte técnico, e estimulou a seleção e embalagem.

 

"Uma coisa simples, que foi a mudança da embalagem de madeira para a de plástico, forrada com papel, resultou em ganho de qualidade", diz o pesquisador. Segundo Souza Filho, os cooperados que investiram na embalagem passaram a ter um diferencial de preço, em razão do ganho de qualidade.

 

Veículo: O Estado de São Paulo

 


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