O Carrefour estará sob pressão amanhã para esclarecer sua estratégia para o mercado europeu, uma vez que se prepara para sair de Portugal e encolher as operações na Bélgica.
A varejista francesa deverá sair do mercado português até o fim de 2010, após 20 anos de atividades no país. O Carrefour negocia a venda de suas 524 lojas de desconto com vários possíveis compradores. O valor da transação pode ficar entre € 400 milhões e € 500 milhões. A empresa não quis comentar sobre possíveis vendas de operações.
A venda em Portugal chega depois de o executivo-chefe da rede, Lars Olofsson, ter decidido, em 2009, sair da Rússia e do sul da Itália e fechar parte das operações belgas. O executivo sofre pressões dos acionistas ativistas da empresa - como Bernard Arnault, presidente do conselho de administração do grupo de luxo LVMH, e a firma americana de investimentos em participações Colony Capital -, para recuperar o fraco desempenho da varejista.
Amanhã, o Carrefour anuncia as vendas do primeiro trimestre, que deverão apresentar queda na Bélgica, onde a rede sofreu com greves em algumas lojas após ter decidido cortar 1,7 mil empregos.
A varejista informou que negocia com o grupo Mestdagh, um rival local, o futuro de 21 unidades. O Carrefour divulgou que pretende fechar as lojas, mas que manterá algumas sob regime de franquia.
A Bélgica é um dos quatro países europeus integrantes do que Olofsson chama de G-4 - os outros são França, Espanha e Itália. Os quatro países são responsáveis por 70% das vendas do grupo e deverão receber a maior parte dos investimentos planejados pelo Carrefour neste ano, juntamente com outros dois mercados prioritários, o Brasil e a China.
As vendas das lojas do Carrefour abertas há mais de 12 meses na Bélgica caíram em todos os anos desde 2005, uma vez que a empresa tem dificuldades para concorrer com nomes locais como Delhaize e Colruyt e teve de enfrentar a entrada das redes de desconto Lidl e Aldi.Olofsson afirma que gostaria de permanecer na Bélgica, mas apenas se as operações puderem ser colocadas sobre uma base "redefinida e sólida".
Em Portugal, as vendas líquidas totalizaram € 825 milhões em 2009, 17% a menos do que em 2008. As lojas de desconto do Carrefour foram espremidas pela concorrência com outras redes de baixo preço, como o Lidl e Jerónimo Martins, que opera os supermercados Pingo Doce. Em 2007, o então executivo-chefe do Carrefour, José-Luis Duran, antecessor de Olofsson, vendeu os 12 hiper mercados da varejista em Portugal por € 662 milhões.
Veículo: Valor Econômico