Fim da patente da Nestlé leva Sara Lee e Casino a criar similares na França; chegada ao Brasil é esperada para os próximos meses
Em 24 anos, a Nespresso, marca de café espresso criada pela Nestlé na Suíça, conseguiu transformar grãos de café em objetos de desejo. Com uma gama de máquinas baseadas no princípio da alta pressão, um sistema de cápsulas de café moído que protege os cerca de 900 aromas do fruto contra os efeitos nocivos da luz, do ar e da umidade, e um clube restrito aos membros, a Nespresso conseguiu erguer um pequeno império. Suas vendas anuais crescem 25% ao ano consecutivamente. Nem mesmo a crise deixou seu negócio de café ficar aguado. O faturamento alcançado em 2009 foi de 2,77 bilhões de francos suíços, um incremento de 22% em relação ao ano anterior. Sua rede de butiques aumentou para 200 no mundo e o número de clientes cadastrados no Nespresso Club ultrapassou os sete milhões.
Eis que, com o vencimento das patentes que protegem a invenção, uma rachadura ameaça o aparentemente perfeito modelo de negócios criado pela Nestlé. Cápsulas “genéricas” de Nespresso começam a chegar às prateleiras dos supermercados franceses, pondo fim à obrigatoriedade de comprá-las da Nespresso. O engessamento era a principal crítica dos consumidores em relação ao produto.
Desde o dia 7, a americana Sara Lee está colocando no varejo francês quatro variedades de cápsulas da marca L´OR Espresso compatíveis com as máquinas Nespresso. No próximo mês, é a vez da rede supermercadista Casino, uma das donas do Grupo Pão de Açúcar, lançar sua marca própria de cápsulas para Nespresso também na França. A rede brasileira e a Sara Lee não informam quando suas versões devem chegar, mas a expectativa domercado é de que a concorrência comece a aparecer no país ao longo dos próximos meses.
Trago amargo
Na prática, a invasão dos similares significa que as 10 mil xícaras de Nespresso consumidas a cada minuto no mundo poderão apresentar queda nos próximos meses. O grande atrativo para o consumidor comprar as cápsulas da concorrência, além do fator novidade, é o preço por volta de 20% mais baixo que as cápsulas da Nespresso. Os novos fornecedores tambémasseguram produtos de alta qualidade e preocupação com o meio-ambiente. De acordo com Frank van Oers, CEO da divisão internacional de bebidas e panificação da Sara Lee Internacional, as cápsulas são feitas com 100% de café certificado, uma garantia de que o seu plantio e colheita atenderam às regras de sustentabilidade.
Sobre esta nova concorrência que começa a se formar, Richard Girardot, CEO da Nespresso, afirmou ao BRASIL ECONÔMICO que era esperado que outros buscassem o sucesso obtido por sua empresa. “O segmento de café em porções individuais continua crescendo em volume e em valor. Os consumidores têm cada vez mais opções. A Nespresso, no entanto, se destaca como pioneira e também como referência. Oferecemos uma experiência exclusiva que os clientes não encontrarão, e nem procuram, nas prateleiras dos supermercados”, diz.
Sobre uma possível reação da Nespresso à onda de concorrentes que está surgindo no mercadomundial, Girardot afirma estar preparado. “Na verdade, competimos diariamente ao aprimorar constantemente a qualidade, as opções, os serviços e a conveniência oferecidos pela Nespresso.” Para 2010, Girardot garante que a marca crescerá dois dígitos e ultrapassará a marca dos 3 bilhões de francos suíços emvendas.
Veículo: Brasil Econômico