Pão de Açúcar e os Klein avançam em aluguel

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As negociações entre Casas Bahia e o Grupo Pão de Açúcar deram novo passo ontem. Na reavaliação do acordo de fusão que criou a maior varejista de eletrodomésticos, móveis e eletroeletrônicos do país, a família Klein reivindicou um novo valor do aluguel anual a ser pago pelo Pão de Açúcar pelas mais de 550 lojas da Casas Bahia. A rede deixou claro que deseja receber entre R$ 190 milhões e R$ 200 milhões ao ano pelos imóveis, segundo apurou o Valor. O contrato original previa desembolso anual de aproximadamente R$ 130 milhões. Os advogados do escritório Barbosa, Müsnich & Aragão, que defendem o Pão de Açúcar, se mostraram dispostos a negociar o pagamento nesse patamar.

 

Só na semana passada, depois da entrada do escritório Pinheiro Neto como representante da Casas Bahia, ficaram claros os pontos que a família Klein deseja alterar. Até então, os donos da Casas Bahia estavam assessorados apenas pelo Porto Advogados, contratado para representá-los nas negociações com o Pão de Açúcar poucas semanas após o anúncio de fusão entre as duas redes, em 4 de dezembro.

 

Em relação ao prazo de venda das ações que devem fazer parte da nova companhia, os Klein querem reduzir a espera para um período entre 6 e 24 meses. Pelo que havia sido conversado antes, os donos da Casas Bahia só poderiam vender 29% dos seus papéis num prazo de 12 a 48 meses. Esse é mais um ponto em que o Pão de Açúcar se mostrou aberto à negociação.

 

Se o acordo entre as cadeias for finalizado entre abril e maio, os donos da Casas Bahia já conseguiriam se desfazer de uma parte das ações antes do fim do ano. Além disso, os Klein não querem terminar de vender as ações da nova empresa só daqui a seis anos - o prazo para essa venda é escalonado e, pelo que havia sido acordado, só no 73º mês a Casas Bahia poderia se desfazer de tudo. Os Klein querem antecipar isso em um ano.

 

A governança corporativa na nova empresa também está em discussão. Michael Klein quer que seja assegurada, por exemplo, autonomia total para a família na tomada de decisões operacionais. Assim, Raphael Klein, de 32 anos, filho de Michael, indicado como presidente da empresa resultante da fusão, terá " poder de fato e de direito " , com interferência e apoio total do pai nas decisões, se for necessário. Na nova estrutura, Michael Klein se tornou presidente do conselho de administração.

 

" A distância para um acordo definitivo já foi maior, houve uma evolução " , diz outra fonte ligadas às negociações. " A disparidade entre o que ficou definido e o que a Casas Bahia pleiteia em relação ao valor dos seus ativos na nova empresa é um dos pontos cruciais que estão sendo discutidos " , afirma. As redes só devem anunciar ao mercado o novo contrato quando todos os pontos estiverem fechados.

 

Ontem, Michael Klein esteve na Bahia, onde inaugurou duas lojas da rede, em Salvador e em Simões Filho. Ao todo, serão abertas mais 11 lojas em seis meses no mercado baiano, somando investimentos de R$ 11 milhões. Este ano, segundo a Casas Bahia, a rede pretende entrar em Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Em três meses, deve ser aberto seu novo centro de distribuição, em Camaçari (BA), que está consumindo R$ 40 milhões.

 

Questionado pelo Valor, Klein não quis comentar as negociações com o Pão de Açúcar mas, por meio da sua assessoria, reafirmou a aposta no mercado nordestino. " Em menos de um ano na Bahia, já somamos 21 filiais e esperamos abrir outras 11 lojas nos próximos meses e entrar em Aracaju".
 


Magazine Luiza revê projeções para cima e espera fechar o ano com R$ 5 bilhões

 

A presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, planeja resistir a mudar da segunda para a terceira posição no ranking do varejo em 2010 e está desafiando sua equipe de vendas a superar a meta inicial de faturar R$ 4,6 bilhões no ano. A meta agora é chegar a R$ 5 bilhões, mesma receita prevista pela Máquina de Vendas, holding resultante da fusão da redes Ricardo Eletro e Insinuante. O resultado do primeiro trimestre, com crescimento de 43% no faturamento, bem acima dos 25% esperados, a deixou ainda mais animada. " O trimestre surpreendeu a gente. Para o semestre, aumentamos a nossa previsão em 30% " , disse.

 

A empresária negou a intenção de unir-se a outras empresas e afirmou que só se interessa por aquisições. E negou que esteja negociando um acordo com a Lojas Cem, como chegou a circular na imprensa. " Não tem nada disso " , afirmou. A Lojas Cem também negou ontem qualquer negociação.

 

Luiza vinha evitando comentar publicamente a movimentação dos concorrentes, mas deu sua opinião ontem, durante palestra na feira de supermercados que está sendo realizada em Curitiba. " Fiquei muito brava. O problema deles não era se fundir, mas passar pro segundo lugar. Falaram do meu número no passado e do deles no futuro. Está certo se fundir, mas não mostrar número errado " , completou, referindo-se ao anúncio da Máquina de Vendas como uma holding de R$ 5 bilhões. Mas mesmo considerando 2009, a receita de Ricardo Eletro e Insinuante juntos - pouco mais de R$ 4 bilhões -, supera os R$ 3,82 bilhões obtidos pelo Magazine Luiza.

 

Ainda abalada pela morte do marido, em novembro, Luiza manteve o otimismo em suas falas. " Temos Copa do Mundo, pré-sal, Olimpíadas, crescimento do número de empregos " , citou, sobre o que pode impulsionar as vendas. Ela estimulou os empresários a colocar 10% a mais nas suas metas, a valorizar clientes e empregados. Disse que é " uma vendedora " . Questionada se isso incluía a possibilidade de vender a empresa, respondeu rápido: " Magazine Luiza não está à venda " . E lembrou que a companhia está pronta para entrar na bolsa, mas disse que hoje não adianta fazer uma captação de recursos. " Não tem nenhuma empresa grande para ser comprada. "

 

Lojas Cem não quer sócio nem comprador
 

 
Apontada como alvo potencial no novo mapa desenhado pelo varejo nacional de móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a Lojas Cem, com sede em Salto (SP), mostra-se avessa a qualquer tipo de acordo. " Quem está bem não precisa de sócio " , diz Valdemir Colleone, diretor de relações com o mercado da varejista. A empresa fechou o ano com faturamento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Tem 181 lojas nos mercados do Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (interior e capital).

 

Controlada pela família Dalla Vecchia desde a sua fundação, nos anos 50, a rede se autointitula a quarta maior do setor de " eletromóvel " , só atrás dos gigantes Pão de Açúcar-Casas Bahia, Máquina de Vendas (Ricardo Eletro e Insinuante) e Magazine Luiza.

 

Em relação a uma negociação com essa última, segundo informações que circularam na imprensa no fim de semana, Colleone é categórico. " Não existe absolutamente nada com o Magazine Luiza " , afirma. " A Lojas Cem está saudável financeiramente, não está à venda e não compra ninguém " .

 

A proposta da empresa é crescer devagar e sempre. Ano passado, abriu sete lojas e deve inaugurar outras sete ainda este ano, nos mesmos Estados. " Temos que estar no máximo a 600 quilômetros do centro de distribuição, localizado em Salto " , explica Colleone. Cada ponto de venda demanda investimentos de cerca de R$ 3 milhões, diz o executivo, uma vez que a empresa faz questão de comprar o terreno das lojas, todas fora de shopping centers. Todas seguem o mesmo padrão: 1,4 mil metros quadrados. (DM)
 
 

Veículo: Valor Econômico


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