APP avalia investir em fábrica no Brasil

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A Asia Pulp & Paper (APP), maior compradora individual no mundo da celulose brasileira e terceira maior produtora global de papéis, está analisando alternativas para a fabricação da matéria-prima no país. A expectativa é a de que em 60 dias uma missão da China venha ao Brasil para analisar, "in loco", quais as possibilidades da companhia indonésio-chinesa na região, que é líder em celulose branqueada de eucalipto e reconhecida mundialmente pelo baixo custo de produção e elevada qualidade do insumo.

 

Construir uma unidade própria, tornar-se parceira de uma produtora nacional, associar-se a uma fabricante estrangeira e empreender no país ou ainda iniciar a compra de terras com vistas à instalação de uma unidade fabril no longo prazo estão entre as propostas que serão apresentadas aos executivos asiáticos - a APP tem duas sedes, na China e na Indonésia. "Todas as alternativas estão em estudo", afirma o representante da APP no Brasil, Geraldo Ferreira. "A empresa está interessada em investir, com foco em celulose, e o momento é de estudo de viabilidade."

 

Por enquanto, a APP não possui nenhuma fábrica no Brasil e importa todo o papel que é vendido no mercado local. A necessidade de ampliar a produção própria de matéria-prima é justificada pela escala que a APP exibe no segmento de papéis, de mais de 10 milhões de toneladas por ano somente de imprimir e escrever, e pela recente disparada dos preços da celulose. Apenas em 2010, foram anunciados cinco reajustes, que levaram a cotação da fibra curta na Europa, mercado considerado referência, a US$ 890 por tonelada, acima do pico registrado no pré-crise. "Esse aumento resultou na retomada do debate sobre verticalização, depois de alguns anos em que vigorou o discurso da especialização", afirma Ferreira.

 

Hoje, a APP produz uma parte da celulose que utiliza em suas linhas - são 20 fábricas ao todo - e compra no mercado 2 milhões de toneladas anuais da matéria-prima. Um quarto desse volume tem origem brasileira. "Ainda assim, não é suficiente para suprir a necessidade ", afirma o executivo. Neste ano, o grupo Sinar Mas, que controla a APP, anunciou a aquisição de três fábricas de celulose, duas na França e uma no Canadá, e se prepara para colocar em operação, na ilha de Hainan, a maior máquina de papel couché do mundo, com capacidade para 1 milhão de toneladas por ano.

 

Em sua última edição, a revista "Exame" informou que a APP estaria negociando com empresas brasileiras, como a Suzano Papel e Celulose, a construção de uma fábrica de celulose no Nordeste. O executivo da APP diz que não há conversas específicas com possíveis parceiras neste momento. Já o presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, nega qualquer contato com a APP. Contudo, entre fontes do setor, correm informações de que a Suzano poderia admitir um sócio em um dos projetos de celulose já anunciados, no Maranhão e no Piauí, que juntos demandarão investimentos de R$ 8 bilhões - Maciel também nega essa informação.

 

No Brasil, a combinação de interesses nacionais e estrangeiros no segmento de celulose resultou na constituição da Veracel, joint venture entre a Fibria e a sueco-finlandesa Stora Enso. Metade da produção na unidade instalada no sul da Bahia é direcionada para as fábricas de papel da sócia estrangeira.

 

Veículo: Valor Econômico


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