Potencial de consumo pode chegar a R$ 5,4 trilhões, ou 170% a mais no Brasil, segundo a consultoria Macroplan
Não restam dúvidas de que, mantida a estabilidade econômica, um dos maiores atrativos ao investimento produtivo tanto de empresas nacionais como estrangeiras é o grande mercado de consumo brasileiro e, principalmente, seu potencial de crescimento nas próximas décadas. Hoje, 144 milhões de pessoas movimentam quase R$ 2 trilhões, o equivalente a 62,7%do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo estimativas feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a pedido do Brasil Econômico, em 2030 o poder de compra da parcela da população brasileira apta ao consumo, de 188 milhões, pode consumir R$ 5,4 trilhões embens e serviços.
A expansão traz consigo uma mudança no perfil de consumo para um modelo segmentado, que vem dando seus primeiros passos nos últimos dez anos. Além de mais exigentes e ambientalmente conscientes, os consumidores terão se formado basicamente com as mãos na internet e, emtenra idade, já terão influenciado seus pais sobre suas compras. Com isso, haverá novas oportunidades de negócios. Mas também um sinal amarelo se acenderá: com a elevação da renda emgeral, o consumidor ficará cada diamais seletivo como que lhe é oferecido.
Trabalho elaborado pela consultoria Macroplan, Prospectiva, Estratégia e Gestão levantou nove tendências para os compradores nos próximos anos. Segundo o diretor Glaucio Neves, algumas delas se cruzam e se complementam, mas todas seguem em direção à crescente demanda pela maior especialização. “Há uma necessidade de as empresas se adaptarem e ficarem mais atentas aos novos padrões de consumo que vão se estabelecer daqui por diante”, disse o executivo.
Nos próximos anos os consumidores vão ficar cada vez mais exigentes. Segundo Neves, deve haver um aumento da demanda pela certificação das companhias em relação à qualidade e procedência dematérias-primas usadas, seguindo um movimento que já ocorre mundialmente. Pelo lado empresarial, a tendência é que se eleve a procura por serviços de consultoria para melhoria de processos de produção, novos formatos de inovação e da relação com o cliente, com a criação ou fortalecimento de suas ouvidorias. Para o executivo, as empresas também podem sermais pressionadas por órgãos de controle e fiscalização.
O consumidor “saudável” e “responsável”, outros dois perfis que vão se consolidando no Brasil, também deve levar ao aprimoramento das empresas e abrir novos flancos de negócio. Neves vê uma janela em áreas vinculadas às atividades de saúde, segurança e meio ambiente nas companhias. Nesse sentido, deve haver umaumento na busca por alternativas de tratamento de saúde, tanto curativo quanto preventivo, e isso indica espaço ao surgimento de serviços voltados à oferta de terapias naturais e de academias. Nesse perfil também se enquadram aquelas pessoas com mais de 60 anos, que tendem a buscar –e cada vez mais têm condições de pagar – cuidados estéticos e de rejuvenescimento.
Ecológico é melhor
Outra intersecção encontrada entre esses consumidores é a de forte expansão da demanda por alimentos orgânicos. Em consequência, um estímulo a mais ao incremento da produção desse tipo de produto. O ecologicamente correto também estará com força em pauta, exigindo das companhias a busca pela revisão de seus processos produtivos e comerciais em prol da sustentabilidade do meio ambiente.
“As pessoas já estão voltando a levar uma sacola emvez de pedir um saco no supermercado para suas compras. As empresas têm de começar a refletir sobre esse comportamento pelo lado positivo, de novas oportunidades para a oferta de produtos voltados a esse público”, diz Neves.
Veículo: Brasil Econômico