A multinacional alemã Henkel estuda começar a produzir no Brasil sua linha de cosméticos para tratamento capilar, que atualmente é importada. Conhecida mundialmente pelos seus produtos de consumo no varejo, como as colas Superbonder, Pritt, Cascola, entre outras, a companhia tem no Brasil suas vendas calcadas em adesivos e embalagens, que respondem por aproximadamente 95% do faturamento do grupo no país.
Julio Muñoz Kampff, presidente da companhia para o Mercosul e responsável pelas operações do Brasil, disse que a empresa analisa ter produção no país de sua linha de cosméticos profissional , a Schwarzkopf, que é comercializada diretamente para redes de salões de beleza. Esse segmento responde por 22% da receita global da companhia. No Brasil, essa linha de produtos é hoje importada das unidades produtoras da Henkel da Colômbia e Alemanha, e representa cerca de 5% da receita no país.
Kampff afirmou que a decisão de trazer a produção dessa linha deverá ser tomada nos próximos meses. O executivo não detalhou como poderão ser os aportes no país, uma vez que o assunto ainda está em análise. "Estamos considerando esses investimentos nos países emergentes", afirmou o presidente.
Fundada em 1876, na Alemanha, a companhia encerrou o primeiro trimestre deste ano com receita de € 3,5 bilhões, crescimento de 7,8% sobre igual período do ano passado. Na América Latina, a receita ficou em € 16 milhões, alta de 10,6% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. O Brasil representa aproximadamente 35% do faturamento da região.
Em 2009, a Henkel registrou receita global de € 13,5 bilhões, ante € 14,1 bilhões no ano anterior. A queda do faturamento da empresa reflete a crise financeira global, que atingiu diversos setores da economia. Kampff ressaltou, contudo, que o desempenho na América Latina foi positivo, se comparado com países da Europa e Ásia.
Com faturamento de R$ 840 milhões em 2009 no Brasil, a companhia, que está presente no país desde 1955, deverá manter os investimentos em 2010 para modernização de equipamentos e aumento de capacidade produtiva em suas quatro fábricas. A expectativa é de investimentos para este ano da ordem de R$ 30 milhões, ou cerca de 4% do faturamento, em inovação de produtos, boa parte nos dois centros de pesquisa e desenvolvimento da companhia no país.
No ano passado, a Henkel encerrou as atividades de duas fábricas das seis que mantinham no país. A produção de Jacareí foi transferida para Jundiaí, e a de Boituva para Itapevi, todas em São Paulo. Além das unidades de Itapevi e Jundiaí, que produzem adesivos e embalagens, respectivamente, a Henkel tem unidades produtoras em Diadema, no Grande ABC, que atende o mercado automobilístico, e Manaus (AM), voltado para o setor de eletrônicos. As quatro unidades estão operando entre 70% e 80% de sua capacidade. O fechamento das duas fábricas, segundo o executivo, reflete as aquisições da Henkel, com a compra das operações da Alba, de Jundiaí, e National Start, de Boituva. "Transferimos a produção para as nossas unidades que já estavam em operação."
Segundo Kampff, o segmento de adesivos no país é muito importante e tem crescido ano a ano, acima de dois dígitos. "Nesses últimos anos, a Henkel trabalha para trazer soluções", disse. O novo desafio da empresa, disse o executivo, é trabalhar com produtos dentro do conceito de sustentabilidade.
Veículo: Valor Econômico