Empresa catarinense que vende 25 mil toneladas de peixe por ano reestrutura-se para crescer com pratos prontos congelados
Inspirado pelo pai que trabalhava em uma empresa de peixes, o santista Attilio Leardini fundou, há 22 anos, a Leardini Pescados. Em seu primeiro ano de operação, a empresa sediada em Navegantes (SC) comercializava apenas pescado fresco para peixarias, pequenos distribuidores e vendedores ambulantes da região de Itajaí (SC). Hoje, a Leardini é uma dasmaiores fornecedoras de pescados do país. Só no ano passado, ela vendeu 25 mil toneladas de peixes e frutos do mar para atacados e atravessadores que revendiam para restaurantes, cozinhas industriais e pequenos supermercados. Seu faturamento de R$ 200 milhões cresceu 65%.
Apesar da visível ascensão, a Leardini se preocupava com o horizonte que se desenhava à sua frente. A comercialização de peixe congelado a granel, em caixas de 15 a 20 quilos, não passava de uma commodity que demandava cada vez mais investimentos em expansão de frota e de equipamentos. Por não se tratar de umproduto com margem de lucro elevada, os ganhos não justificavam investimentos tão altos e constantes.
Com o apoio da Fundação Dom Cabral, a empresa familiar decidiu se reestruturar para navegar por novos mares. “Queríamos deixar de ser uma empresa só de peixes para nos transformarmos em uma indústria de alimentos”, conta Sandro Facchini, diretor comercial da Leardini.
A partir de hoje, os supermercadistas que visitarem a Apas 2010, feira voltada ao setor, poderão degustar três versões de lasanhas desenvolvidas pela Leardini (de salmão, camarão e bacalhau). Estes pratos congelados prontos são apenas os primeiros de um total de 32 que devemser lançados ainda este ano, como o filé de peixe com molho e o bolinho de bacalhau, que virá preparado de Portugal.
Para desenvolver os pratos prontos, a Leardini terceirizou a produção com uma indústria do sul do país especializada em lasanhas e pizzas. “Esta entrada mais agressiva no varejo é um grande laboratório para ver como o mercado se comporta. Se a resposta for boa, em um ou dois anos deveremos abrir uma fábrica para produzir os pratos prontos”, conta Facchini.
A ideia de agregar valor ao peixe ganhou forma no ano passado e culminou na estruturação comercial da empresa e na contratação de profissionais de mercado, como a de Facchini, que atuou durante anos na Perdigão e depois na Cargill. Altamir Stolfi, atual diretor financeiro da Leardini, veio da Multilog, do grupo Porto Bello.
Neste ano, a Leardini está investindo um total de R$ 25 milhões na operação, dos quais R$ 18 milhões destinam-se à construção de um centro de distribuição refrigerado em Navegantes. Mais amplo que o usado atualmente — e também terceirizado —, ele será todo informatizado. Sua inauguração está prevista para agosto.
Outros R$ 5 milhões estão sendo aplicados na compra de novos equipamentos para a fábrica, como máquinas alemãs para embalar e fracionar peixe.
Mais R$ 2 milhões serão usados para trabalhar a marca no ponto de venda, o que inclui degustação, e nas mídias impressas. Um trabalho de renovação visual da marca também deve ocorrer no segundo semestre. Embora seja tradicional, Leardini ainda é pouco conhecido do grande público consumidor. Todas estas ações devem ajudar a companhia a popularizar sua marca e a ampliar as margens de lucro.
Veículo: Brasil Econômico