Eles são a terceira geração de uma empresa familiar paulista que produz óleos e essências vegetais da Amazônia, exportam para mais de 40 países e têm Estée Lauder, L'Oréal, Unilever, Natura e Johnson's em sua pasta de clientes. Seus produtos são orgânicos e certificados. Acumulam prêmios de sustentabilidade no currículo, um deles chancelado pela ONU. E agora estão em busca de sócios.
Com seis fábricas na mão, Daniel e Filipe Sabará, os diretores da Beraca, acabam de anunciar a transformação da empresa em uma sociedade anônima de capital fechado. A empresa pretende atrair investidores para expandir seus negócios - com foco nos segmentos de cosméticos e alimentos para consumo humano e animal - e alavancar o crescimento médio de 14% ao ano e um faturamento de R$ 100 milhões.
"Até hoje só investimos com caixa próprio e nunca registramos um ano de queda no faturamento desde a abertura da empresa, há 50 anos", diz Filipe, diretor de negócios. Segundo ele, a modificação na estrutura societária da Beraca é o primeiro passo para a futura abertura de capital.
Nascida como uma distribuidora de insumos químicos importados, a empresa possui hoje três unidades de negócio que se tornaram referência no mercado - a Health and Personal Care (HPC), com matérias-primas para as indústrias de cosméticos e farmacêutica; a Food Ingredients, para a nutrição humana e animal; e a Water Technology, que oferece insumos para o tratamento de água. "Todo mundo tem fome, precisa de água e quer ficar bonito. A gente acredita que, assim, nunca vai quebrar", brinca Filipe.
Entre os projetos que devem ser impulsionados com a captação, está a ampliação da fábrica de processamento de óleos e extratos em Ananindeua, na Grande Belém (PA), onde a empresa trabalha em parceria com 3 mil famílias amazônicas. De acordo com Sizelmar Pereira Ramos Junior, gerente de controladoria da Beraca, um investimento da ordem de US$ 10 milhões.
É na Amazônia que a Beraca lançou seu Programa de Valorização da Biodiversidade e desenvolve trabalhos baseados no tripé ambiental, social e econômico da sustentabilidade, que conferiu à empresa alguns prêmios. E é da floresta que saem as essências embarcadas para a produção de cosméticos de grandes marcas europeias e americanas, e para brasileiras como a Natura - a Beraca é o maior fornecedor para a linha Ekos, segundo Filipe.
A unidade de saúde e beleza é a que registra maior salto no faturamento da empresa. Entre o primeiro trimestre deste ano e o de 2009, houve alta de nada menos que 76%. "É reflexo do crescimento do mercado de cosméticos no Brasil e no mundo", diz Filipe.
O setor de alimentos é outro que tem ganhado peso. A Beraca fornece saponinas para uma gama de usos, incluindo óleos para cápsulas de consumo humano e para ração, com a função de regular o sistema digestivo e eliminar o odor das fezes do animal.
Desconhecida do grande público por ser uma empresa de fornecimento de matéria-prima, a Beraca comemora o seu desempenho no exterior. As exportações já respondem a 35% do faturamento. Entre 2005 e 2006, os embarques subiram 76% e obrigaram os executivos a rever estratégias. Decidiram abrir uma base de administração e estoque em Paris, a Beraca International Europe, em maio de 2008. No ano passado, abriram seu primeiro estoque nos Estados Unidos, para agilizar as entregas e diminuir os custos com frete. Até o fim deste ano, a expectativa é inaugurar o Beraca International North America, em Nova Jersey, seguindo o mesmo conceito da Europa.
Veículo: Valor Econômico
