Exclusividade com Walmart limita Hipercard

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O acordo de exclusividade com o Walmart, que prevê que o cartão Hipercard não seja aceito em outros supermercados, representa um obstáculo para que a bandeira ganhe penetração no território nacional, mesmo após o acordo de captura com a Redecard, com uma rede de mais de 1,1 milhão de estabelecimentos. Segundo o presidente do Hipercard Banco - controlado pelo Itaú Unibanco -, Ivo Vieitas, tal amarração supera 2014, o prazo do contrato original, assinado dez anos antes, quando o Unibanco adquiriu a operação do Hipercard, por US$ 200 milhões, paralelamente à compra do Bompreço pelo Walmart.

 

Nessa relação construída ao longo dos anos, há três contratos envolvidos para diferentes regiões, explica Vieitas, sem contudo abrir até quando se estende o acordo mais longo. No futuro, porém, ele prevê que a tendência é o Hipercard se tornar um cartão de livre aceitação. "No passado, o varejo entendia que a única forma de ter acesso a crédito era com exclusividade, mas no tempo, com ofertas mais acessíveis, essa barreira passa a não ter muito efeito prático", diz. "Temos conversado com o Walmart para evoluir nesse ponto, mas, por enquanto há um limite contratual."

 

Pelo modelo de parceria, o Walmart é remunerado pelo faturamento do Hipercard dentro e fora das suas lojas, sem participar, porém, dos resultados. O Walmart não dispôs de um porta voz para falar do acordo, mas o que se comenta no mercado é que é justamente esse o ponto que traz desconforto para o Walmart, que tem observado o concorrente direto Pão de Açúcar ganhar dinheiro com a operação financeira conjunta com o Itaú Unibanco. Pelo lado da varejista, o que se diz ainda é que ela paga uma taxa de desconto baixa para aceitar o cartão e acabou criando uma relação de dependência, já que boa parte do faturamento anual, na casa dos R$ 20 bilhões, é de vendas feitas pelo Hipercard.

 

"Nós temos a parceria mais bem sucedida do mercado, a penetração nas vendas representa resultado financeiro para ambas as partes", assegura Vieitas. "O Walmart não participa dos resultados, mas também não corre risco de crédito, recebe por volume e entendemos que esse é um bom arranjo." De acordo com o executivo, 30% das vendas do Walmart são feitas pelo cartão.

 

Em tese, se o Hipercard passar a ser usado mais vezes pelo consumidor, o Walmart também sairia ganhando com a capilaridade da Redecard. Uma outra questão que amarra a rede ao Itaú Unibanco é a vulnerabilidade da sua própria base de clientes no cartão, já que toda administração, cadastro e contabilização estão nas mãos do Hipercard Banco.

 

No ano passado, foram feitas transações no valor de R$ 17 bilhões com os cartões Hipercard, que tem uma base de 13 milhões de plásticos e é aceito em 470 mil estabelecimentos comerciais. A maior abrangência é nos estados do Nordeste, onde nasceu dentro da rede Bompreço, e no Sul, pela aquisição do Sonae pelo Walmart. Segundo o presidente da Redecard, Roberto Medeiros, o acordo com o Hipercard é um atalho para a credenciadora ganhar presença nessas regiões. A operação de antecipação de recebíveis feita hoje pelo Banco Hipercard, e que representa 40% do faturamento, não passará para a Redecard, mas o próximo passo será unificar o processamento das duas redes.
 

 

Veículo: Valor Econômico

 


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