O teste de DNA nas prateleiras

Leia em 2min

Rede de farmácias americana anuncia a venda de kits  que revelam a predisposição a doenças graves. Para muitos médicos, talvez seja melhor não saber

 

O laboratório americano Pathway Genomics anunciou na semana passada, em parceria com 6 000 farmácias da rede Walgreens espalhadas pelos Estados Unidos, a venda de estojos para testes caseiros de DNA feitos com uma amostra de saliva. Há dois anos esse tipo de teste pode ser comprado pela internet, mas pela primeira vez se divulga sua venda nas prateleiras, diretamente ao consumidor. A notícia causou alvoroço entre os médicos e provocou reação imediata da Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula o setor farmacêutico nos Estados Unidos. O órgão conseguiu que as duas empresas suspendessem o início das vendas até que se chegue a um consenso sobre a necessidade ou não de regulamentação dos testes. A controvérsia se deve ao fato de que um deles, o Health Kit, informa a predisposição genética a diversos tipos de câncer, Alzheimer, diabetes, glaucoma, infarto do miocárdio, hipertensão e esclerose múltipla, entre outros males. Ele também mede a probabilidade de intolerância a determinados remédios. O outro teste cuja venda foi anunciada, chamado Ancestry Kit, rastreia os antecedentes genômicos em busca das origens étnicas do indivíduo.

 

Muitos médicos e cientistas avaliam que os conhecimentos acerca da própria saúde proporcionados pelo Health Kit podem trazer mais prejuízos do que benefícios, deflagrando um estado permanente de medo de que a doença se desenvolva. Ocorre que ter predisposição genética a determinada doença não significa que se vá desenvolvê-la. Sua incidência depende de outros fatores, como os hábitos e o estilo de vida. "Os resultados desses testes podem ser muito relativos. Lê-los sem nenhuma orientação médica é loucura, só vai deixar as pessoas paranoicas", diz a geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo, que também é colunista de VEJA on-line. "Uma mulher cujo teste revele que ela tem apenas 10% de probabilidade de desenvolver câncer de mama pode achar que não precisa mais se submeter a mamografias", completa Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica. Em última análise, fica a critério de cada um dispor desse tipo de conhecimento sobre seu DNA.

 

Veículo: Revista Veja


Veja também

Falta consenso para retirada de sacos plásticos de supermercados no estado do Rio

A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realiza hoje (17), às 14h, audiência p&...

Veja mais
Riachuelo muda e se aproxima da Renner

Rede de varejo começa a colher os frutos de uma revolução iniciada quatro anos atrás  ...

Veja mais
Argentina recua e abranda restrição a alimento de fora

Depois da forte reação da UE, do Mercosul e da oposição, governo argentino decide abrandar b...

Veja mais
Executivos brasileiros voltam ao País

Com a crise, Brasil passa a ser um mercado mais seguro e recompensador para profissionais que estavam trabalhando no ext...

Veja mais
Brasil perde até R$ 8 bi por ano por falta de reciclagem

Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Ministério do Meio...

Veja mais
Fabricantes fretam aviões para trazer componentes da Ásia

A coreana Samsung também contratou transporte rodoviário expresso para entregar TVs antes da Copa   ...

Veja mais
Corneta

O Carrefour aumentou em 35% a oferta de produtos para a Copa deste ano, na comparação com 2006. São...

Veja mais
Lojas de bairro se blindam contra líderes do setor supermercadistas

Grandes supermercadistas estão mapeando a região para fazer ofensiva às mais de 200 lojas existente...

Veja mais
Empresas premiam consumo consciente com promoções

Iniciativas incluem desconto para quem dispensa sacola plástica e incentivo para a devolução de emb...

Veja mais