Grandes supermercadistas estão mapeando a região para fazer ofensiva às mais de 200 lojas existentes. A estratégia será justamente avançar com formatos menores para competir com os populares estabelecimentos de bairro. Somente o Grupo Pão de Açúcar pretende inaugurar 20 pontos de venda da bandeira Extra Fácil no decorrer deste ano.
Na mesma trilha estão os formatos Dia% (Grupo Carrefour) e TodoDia (Walmart), isso porque no ano passado 71% das compras feitas no canal autosserviço ocorreram nos supermercados pequenos, segundo pesquisa da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
A família Domingos, de Mauá, é proprietária de quatro supermercados (Nevada, Zaíra, Zaíra II e Esperança), todos na cidade. De acordo com o sócio da empresa, José Domingos da Silva, o diferencial em relação às grandes redes é o atendimento. "Conhecemos os clientes pelo nome, além de estarmos envolvidos com as ações na comunidade", salienta. Não é à toa que o slogan da rede é ‘Somos do bairro, você conhece!''.
Silva divide igualmente o comando do negócio com os irmãos João, Francisco e Luiz Antônio, que deixaram as lavouras paranaenses para ingressar no comércio. A empreitada teve sucesso, tanto que as vendas, já deflacionadas, cresceram 6% em 2009. E o plano é manter o ritmo ao longo deste ano.
A ofensiva das grandes redes aumenta em Mauá, tanto que o Dia abriu uma loja em frente ao Nevada. "Mesmo prejudicando o desempenho, continuaremos a investir na ampliação dos pontos", diz o sócio.
No ano passado, inclusive, a família Domingos fez aquisição de um supermercado concorrente no bairro. Os estabelecimentos têm em média quatro caixas, onde trabalham 300 funcionários.
Francisco Domingos completa que a estratégia é ser agressivo com os concorrentes que avançam em Mauá. A rede tem 8.000 clientes que usam o cartão próprio das lojas para fazer compras. No Zaíra, o cartão representa 10% das vendas.
Ampliação - Em Santo André, o proprietário do Supermercado Primavera, Gilberto Wachtler, reclama que a expansão das grades redes na periferias está forte. "Isso impacta o comércio tradicional e familiar da região."
O Primavera, que completará 42 anos de operação no dia 31, também não revela faturamento, mas avalia que o volume de produtos comercializados neste ano está satisfatório. "Queremos expandir a área de vendas, que hoje tem 1.000 m² e instalar rotisserie e lanchonete", revela Wachtler.
A unidade, que atende com nove caixas, também tem como estratégia de fidelização o cartão de crédito próprio, cuja base não foi informada, além de 4.000 clientes cadastrados para o pagamento com cheque.
O empresário sinaliza que um caminho para crescer em ritmo maior seria a união dos estabelecimentos da região para formar uma grande central de compras. Houve tentativa no passado, mas sem sucesso.
Rio Grande e Ribeirão na mira das grandes redes
As lojas de proximidade das maiores varejistas brasileiras deverão chegar aos municípios de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires nas futuras expansões.
De acordo com o gerente da marca Extra Fácil, Flávio Correia, há "interesse em expandir o formato, mas ainda estamos em estudo sobre o cronograma dessa expansão por região".
Neste ano a varejista quer 20 pontos novos no Grande ABC, isso representa 20% das 100 lojas que o Grupo Pão de Açúcar planeja para este ano. Correia diz que estão certas inaugurações em Santo André, São Bernardo e Diadema. Quatro lojas do formato operam na região.
O mesmo acontece na franquia de supermercados Dia%, do Grupo Carrefour, que analisa chegar a Rio Grande e Ribeirão. Por meio da assessoria de imprensa, a rede diz considerar o Grande ABC mercado potencial, visto que as vendas crescem em torno de 10% ao ano.
Das 370 unidades em funcionamento, 33 estão na região. Segundo vice-presidente de comunicação da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Martinho Paiva, as pequenas redes de supermercados devem se profissionalizar para não morrer. "Uma das tendências é que este modelo de negócio cresça no mercado."
Paiva salienta que o perfil do consumidor está dinâmico, pois 84% deles abastecem sua residência em mais de três canais por mês, seja no atacado, hipermercado ou farmácias, por exemplo.
O executivo foi um dos responsáveis pela organização da 26ª Feira Apas, encerrada na semana passada na Capital paulista, que recebeu 550 expositores e 72 mil pessoas no Expo Center Norte. Em quatro dias de feira foram movimentados R$ 4,5 bilhões em negócios entre varejistas e fornecedores.
Veículo: Diário do Grande ABC