Renner com sotaque caipira

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A rede de varejo vai abrir duas lojas compactas no interior de São Paulo. A meta é inaugurar 100 novas unidades nos próximos cinco anos
Por Érica Polo

 

Durante muitos anos, as empresas de varejo concentraram suas operações nas grandes cidades do País, de olho nos mercados consumidores mais fortes. Mas o avanço da classe C e o crescimento da economia brasileira geraram um novo fenômeno: o interesse em municípios antes vistos como periféricos.

 

A Lojas Renner, dona de um faturamento de R$ 2,3 bilhões em 2009, se encontra nesta situação. Com 123 lojas espalhadas nas principais capitais do Brasil, ela começa a pôr em prática um ambicioso plano de ocupação geográfica. Seus alvos? Cidades do interior com até 250 mil habitantes e grande potencial de crescimento. Para isso, a empresa vai destinar parte dos R$ 140 milhões de investimentos previstos para 2010 na abertura de 14 novos pontos de venda.
 


Dois deles, porém, chamam a atenção. São lojas mais compactas – estruturas que têm a metade do tamanho das convencionais. “Elas terão entre 1,2 mil e 1,5 mil metros quadrados. As convencionais geralmente têm entre 2,8 mil a três mil metros quadrados”, diz José Galló, presidente da Lojas Renner. “Ainda estamos em fase de avaliação de contratos nessas duas unidades. Poderão ser inauguradas tanto em shopping centers quanto em pontos de rua.” Sabe-se, porém, que elas terão sotaque caipira. “As lojas serão abertas no interior paulista”, diz Galló.

 

Além de ocupar territórios ainda não explorados, a estratégia da empresa é otimizar os investimentos. Normalmente, a rede desembolsa cerca de R$ 6 milhões na abertura de lojas com cerca de três mil metros quadrados. Os pontos de venda mais compactos custarão a metade.
 


Loja de rua: nova unidade na avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo, recebeu investimentos de R$ 6,3 milhões
 


“Há potencial para abrirmos entre 80 e 100 lojas com esse perfil nos próximos cinco anos em todo o País”, revela o executivo. O público alvo, diz ele, continua o mesmo. Nas míni Renners, a única alteração necessária será um ajuste do mix de produtos. “Pode ser que em alguma cidade onde a venda de ternos não seja expressiva, por exemplo, nós optemos por outro item ou por reduzir o número de peças”, diz Galló.

 

Para Alberto Ferrentino, sócio-sênior da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza, a estratégia de buscar espaço em centros menores é uma tendência natural das grandes redes de departamento, depois que já marcaram presença nos principais pontos do país, como é o caso da Renner. Porém, para o consultor, o ajuste do mix representa um problema.
 
 

“No início, é difícil identificar os tipos de produtos que podem ser tirados da loja”, avalia Ferrentino. Para ele, entre as principais redes de departamentos, a Marisa é que melhor explora o potencial do mercado das pequenas cidades. Segundo o consultor, a empresa foi a primeira a apostar em lojas menores instaladas no interior do Brasil.

 

Além das unidades menores, outras sete lojas convencionais devem ser inauguradas pela rede na segunda metade do ano. “Vamos estrear em Palmas, Tocantins, no semestre que vem”, disse Galló. Recentemente, a Renner abriu um ponto de venda na avenida Paulista, em São Paulo, e outros em Joinville e Maceió.

 

Na capital paulista, a escolha do ponto, no coração da cidade, é compreensível, já que mais de um milhão de pessoas circulam no local diariamente. A unidade tem 3,2 mil metros quadrados de área de vendas, distribuída em dois andares, e recebeu investimento de R$ 6,3 milhões. “Uma das vantagens de estar na rua é chamar a atenção de um fluxo maior de pessoas”, avalia o analista Rafael Cintra, da Link Investimentos.

 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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