Em confecção chinesa, é o cliente que cria a camisa

Leia em 3min 30s

Pela internet, empresas customizam e vendem produtos, de roupas a alimentos

Jovens chineses focalizam interatividade para atrair clientes para seu site, onde é possível customizar camisas por menos de US$ 30 a mais

 

AMY WALLACE
DO "NEW YORK TIMES"

 

A ideia jamais foi tentar suplantar o varejo, diz Fan Bi, 22, presidente-executivo da Blank Label. Há momentos em que o consumidor precisa de uma camisa social agora mesmo, e, em momentos como esses, "é possível comprá-la agora mesmo na Nordstrom [rede de lojas]".

 

Mas e quando a pessoa tem o desejo de não usar aquilo que outros 10 mil usam? Ou quando quer o tecido, o colarinho e o forro que sempre desejou, não os escolhidos por algum comprador de moda? E se a pessoa pudesse desenhar ela mesma a camisa que deseja e recebê-la pelo preço de uma camisa social produzida em massa?

 

"A ideia de que personalizar um produto vendido a preço de varejo adiciona valor tinha posição central para a nossa empresa desde o começo", disse Fan, em Xangai, onde as camisas Blank Label são produzidas segundo especificações dos clientes e entregues em qualquer parte do mundo em prazo de quatro semanas.

 

Desde o fim de 2009, quando o aplicativo para quem deseja criar camisas estreou no site www.blank-label.com, Fan e seus três sócios, de 19, 22 e 30 anos, passaram a fazer parte de um movimento pequeno, mas crescente, de cocriação.

 

Via internet, consumidores podem influenciar a produção do que adquirem. Já surgiram empresas que permitem que consumidores criem granola (MeAndGoji.com), joias (gemvara.com), chocolate (CreateMyChocolate.com) e bolsas (LaudiVidni.com).

 

Também existem sites que vendem serviços de criação de camisas, e a Brooks Brothers é um grande grupo de varejo que oferece recurso semelhante.
O lado positivo para os donos das empresas é evidente: baixo custo fixo. Na Blank Label, o modelo de negócios resulta na produção só das camisas que serão vendidas, eliminando a necessidade de produzi-las em todos os tamanhos e estilos.

 

Não é preciso alugar espaço para armazenagem. Não é preciso operar lojas nem um escritório maior que um emprestado do Babson College, de Boston, onde Fan foi aluno.

 

"Nos concentramos em ser uma empresa enxuta", diz Fan. Segundo ele, o site já vendeu 450 camisas. Recentemente, houve salto na demanda, e os pedidos subiram para dez camisas diárias. O site foi financiado com cerca de US$ 10 mil que Fan tinha em economias.

 

Desde o início, um dos objetivos era se comunicar diretamente com os clientes. O site convida: "Entre em contato. Gostamos de conversar".
A depender do horário, Fan atende os telefonemas. Se estiver acordado, ativa um recurso que envia mensagens instantâneas aos visitantes que permaneçam no site por mais de 90 segundos.

 

"Precisa de ajuda?", pergunta a mensagem. Ele e seus sócios dedicam horas a conversar com os clientes e descobrir do que eles gostam ou não no serviço. O retorno de informações resultou em diversas reformulações no site. Em seis meses, a empresa já trocou três vezes de home page. Os sócios dizem alterar algo quase todo dia.

 

Algumas semanas atrás, eu visitei o site e criei, para meu filho de 13 anos, uma camisa social feita com tecido "verde de entusiasmo" -todos os tecidos da Blank Label têm nomes altamente descritivos.

 

Escolhi o corte, o tamanho, o colarinho, a abertura do punho, o punho de um só botão, sem bolsos e com galardões decorativos nos ombros. O processo durou dez minutos. Com os detalhes, a camisa custou US$ 72, ante US$ 45 do modelo básico.

 

Na sexta, a camisa chegou, exatamente como desenhei. Se meu filho não gostar, as regras da Blank Label são a de que devoluções serão aceitas sem justificativa. E o melhor: posso dizer que, de certo modo, eu a fiz.

 

Veículo: FOlha de São Paulo


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