Leroy investe R$ 1 bi para dobrar de tamanho

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Varejo: Até 2014, rede de material de construção planeja ter 39 lojas

 

"Você conhece a história do machado e da árvore?", pergunta o francês Alain Ryckeboer, diretor-geral da varejista de materiais para construção Leroy Merlin no Brasil. "Há lenhadores que saem para cortar árvores com um machado ruim e ficam nove dias fazendo isso", diz. "Nós preferimos ficar nove dias afiando o machado para cortar todas as árvores de uma só vez".

 

A analogia explica a ausência da Leroy Merlin no comércio eletrônico. O canal não é explorado pela multinacional francesa em nenhum lugar do mundo, mas o Brasil deve sair na frente com o início da operação de vendas on-line dentro de um ano, a partir de projeto que começa a ser desenhado pela agência WMcCann. "Tem muita gente que parte para a internet com uma proposta falha, que não atende o consumidor, mas o nosso site será completo", garante. Hoje, entre as grandes varejistas de materiais para construção, só a C&C, do Grupo Alfa, tem venda online.

 

A estreia no comércio eletrônico é apenas parte do plano da multinacional francesa para reforçar sua presença no país, onde é líder desde o ano passado. Até 2014, devem ser investidos perto de R$ 1 bilhão na abertura de 20 lojas, o que vai mais do que dobrar o tamanho da varejista no país. Além das inaugurações e do início das vendas on-line, o capital será investido na reforma e ampliação das 19 lojas existentes, para acomodar melhor o mix de 60 mil a 80 mil itens, renovado em 25% a cada ano.

 

"Com a expansão, vamos dobrar o número de colaboradores para 8 mil, mas esse número poderia ser muito maior, se não tivéssemos que contar exclusivamente com capital próprio e dos bancos", diz Ryckeboer. O diretor francês, que está à frente da operação desde a entrada da Leroy no país, em 1998, reclama que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não empresta dinheiro a varejistas de materiais de construção de capital estrangeiro. "Poderia investir R$ 2 bilhões e triplicar o número de empregos, se houvesse apoio".

 

Mesmo sem o dinheiro público, a aposta da Leroy Merlin no Brasil é alta. O país passou a figurar este ano em quarto lugar no ranking de nove países da multinacional francesa. Até 2009, estava na sexta posição. Hoje, só perde para a matriz francesa, Espanha e Rússia. "Mas nenhum lugar vai crescer dois dígitos este ano como o Brasil, onde a receita deve aumentar 30%, mesma taxa dos últimos três anos", diz o executivo. No mundo, a Leroy faturou € 11 bilhões em 2009 e planeja vendas 9% maiores este ano.

 

As 20 lojas que devem ser abertas até o fim de 2014 estarão concentradas nos Estados do Sul e Sudeste, mesmas regiões onde está presente hoje (em seis Estados e no Distrito Federal). "O Nordeste tem demanda, mas é difícil vencer a longa distância com as dificuldades de infraestrutura na região", diz Ryckeboer. Segundo ele, 95% dos seus fornecedores estão no Sudeste.

 

Este ano, a Leroy pretende inaugurar três pontos de venda em Taguatinga (DF), Campinas (SP) e na zona norte de São Paulo, próximo ao Shopping Center Norte. As lojas precisam ser espaçosas, uma vez que cada unidade trabalha com estoque próprio e faz questão de apresentar cômodos decorados ao cliente. "Só na loja do Morumbi, temos um show room com 42 opções de banheiro", diz Ryckeboer.

 

Na Leroy, a área de vendas soma no mínimo 6 mil m2, acoplada a um depósito de 3 mil m2. As compras são completamente descentralizadas, diz o diretor. "Fechamos a negociação com os principais fornecedores para o ano, mas as compras são feitas por loja, para que cada ponto de venda esteja bem abastecido e tenha pronta entrega". O índice de ruptura, diz ele, foi reduzido pela metade este ano.

 

Em 2009, a Leroy Merlin ultrapassou a C&C entre as maiores varejistas de material de construção do país e passou a encabeçar o ranking do setor, segundo levantamento feito pela revista da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Destronou um reinado de nove anos da brasileira C&C, que ficou na terceira posição, depois da Saint-Gobain, dona da Telhanorte. O setor está sendo favorecido desde ano passado pela redução da alíquota de IPI sobre materiais de construção, medida que foi prorrogada e vai vigorar até o fim de 2010.

 

"Os grandes varejistas vivem um bom momento, não só pela redução do IPI, mas pelo cerco em torno dos comerciantes informais, que são a maioria neste negócio", diz o presidente da Anamaco, Cláudio Cons, que destaca a boa distribuição dos pontos de venda da Leroy. Em 2009, este mercado faturou R$ 45 bilhões. Assim como a concorrente C&C, a francesa vem dando cada vez mais espaço a produtos de maior valor agregado, como os de decoração. Na Leroy, eles já somam um terço da receita.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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