Varejistas investem até 30% do lucro para reduzir perdas

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Para evitar perdas que chegaram a R$ 11,6 bilhões no varejo brasileiro entre julho de 2008 e julho do ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Programa de Administração do varejo (Provar), as grandes redes chegam a investir até 30% de seu lucro em tecnologia para reduzir esse percentual. Entre as causas de perdas está a quebra operacional, a 40,3%; os furtos externos, a 19,2%; furtos internos, a 18,9%; erros administrativos, a 14%; fornecedores, a 5,8%; e outras razões somam 1,7%.

 

A pesquisa indicou que a perda média das empresas brasileiras de varejo foi de 2,05% do faturamento. O instituto contou com a participação de 77 companhias, com 269 mil colaboradores e mais de três mil lojas com faturamento de R$ 66,6 bilhões. Outro levantamento, feito pelo Centro de Pesquisas do Varejo, na Grã-Bretanha, aponta o Brasil como o sétimo país que mais tem problemas com perdas. Os gastos com segurança e prevenção contra furtos e perdas somaram R$ 293 milhões de julho de 2008 a julho de 2009.

 

Diante desse cenário, que abrange indústrias, redes de varejo e milhões de consumidores, a tecnologia é uma aliada imprescindível na composição do negócio e avança no uso de sistemas integrados para controlar estoques, na distribuição e alocação de mercadorias, nas vendas e na prevenção a perdas.

 

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) é um dos que mais investem, entre as grande do setor, em novas tecnologias. "O investimento em tecnologia representa praticamente de 25% a 30% do lucro da companhia. Isso é uma estimativa de gastos diretos em tecnologia da informação, mas tem muitas outras áreas que têm muita relação com tecnologia e que não estou incluindo. Nosso centro de distribuição, por exemplo, e as próprias lojas", disse o presidente da empresa, Enéas Pestana, em palestra na 26ª edição da Apas -Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados.

 

Exemplo desses aportes é a loja do Pão de Açúcar no Shopping Iguatemi, onde foram investidos R$ 8 milhões em parceria com grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, IBM, Megamídia, Toledo, RR Etiquetas, Itautec, Software Express. Lá, determinados produtos, como, por exemplo, vinhos, têm a etiqueta RFID, que emite sinal a uma leitora. A energia do sinal de radiofrequência alimenta um chip conectado a uma antena.

 

A etiqueta RFID comunica sua informação de identidade única para a leitora. Na prática, é possível pôr um vinho no carrinho de compras e ser informado de qual tipo de queijo combinaria melhor com a bebida. Isso é feito por meio de televisores dentro o alcance da antena, que vai de 3 a 10 metros. A aplicação desse tipo de tecnologia auxilia também a logística, a rastreabilidade do produto, e inventários, entre outras coisas. Cada etiqueta RFID custa, em média, US$ 0,05. Para Pestana, as etiquetas de radiofrequência irão revolucionar o cotidiano do ponto-de-venda. "A única questão limitadora é que ainda custa muito caro", acredita ele.

 

A rede francesa Carrefour, em parceria com a Associação Brasileira de Automação (GS1) e com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), está desenvolvendo o cadastro nacional de produtos, que é uma sincronização de dados disponíveis para o controle tanto do varejista quanto do fornecedor, com dados específicos e minuciosos de um produto. Ney Santos, diretor de Tecnologia e Processos do grupo, diz que o sistema deve estar em funcionamento até o fim do ano.

 

"O sistema vai facilitar toda a logística da mercadoria. São muitos os processos que hoje são auxiliados pela tecnologia, todos suportados para garantir a padronização, ao receber mercadoria, ao expor produtos, trocar preços, pesar produtos, e inventariar o estoque das lojas", afirma o executivo.

 

De acordo com Robson Munhoz, da Bis Company, que desenvolve informações sobre o sortimento de produtos e atende Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, a prevenção contra perdas nas vendas pode ser aplicada também ao controle de estoque.

 

"Nós criamos uma ferramenta com um código que especifica o estoque virtual: com tecnologia baseada em algoritmos, ela detecta, por exemplo, quando o produto não está mais sendo vendido, mas ainda consta no estoque. Isso gera prejuízo para o varejista, o que pode caracterizar perda ou furto da mercadoria", explica o empresário.

 

Para ocorrências com clientes, o mercado oferece uma série de soluções que vão de câmeras de vigilância a etiquetas eletrônicas que disparam o alarme do controle de saída da loja.

 

"Para uma loja do tamanho do Carrefour, por exemplo, custa em média R$ 130 mil cada", afirmou Luiz Fernando Sambugaro, da Gateway, sobre o equipamento do ambiente.

 

Veículo: DCI


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