Não tem crise econômica ou real valorizado que prejudique as exportações da moda carioca. Depois de fechar o ano passado com queda de 13%, a indústria fashion do Rio de Janeiro se recuperou e as vendas internacionais aumentaram 22% nos quatro primeiros meses do ano sobre o mesmo período de 2009. Se no primeiro quadrimestre de 2008 as vendas ao exterior somaram alcançaram R$ 8,7 milhões, até abril deste ano elas somaram R$ 9,3 milhões.
E o melhor, o preço médio das exportações de vestuário da indústria carioca mais que o dobro da brasileira, US$ 86,59 por quilo, contra US$ 40 da média nacional. Para se ter uma ideia, o preço médio da indústria paulista de US$ 45. Segundo João Paulo Alcântara Gomes, gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), o Rio está na contramão da indústria nacional porque, há dez anos, resolveu se organizar e investir no vestuário de valor agregado. "Nos anos 90, éramos muito desorganizados e não havia um calendário de vendas. Agora, o comprador vem aqui duas vezes por ano e encontra em um único lugar a maior parte das grifes com as quais negocia", diz.
O resultado do Rio-à-porter, feira de negócios do Fashion Rio, que terminou ontem, superou em 76% a edição de janeiro deste ano, alcançando R$ 927 milhões. As exportações chegaram a US$ 21 milhões. Com a Fashion Business - feira da moda dissidente do Fashion Rio, que ocorreu há duas semanas e obteve um resultado de R$ 850 milhões -, a moda verão carioca atingiu volume de vendas total de R$ 1,77 bilhão na coleção Verão 2010/2011.
Paulo Borges, diretor do evento, disse que o resultado o surpreendeu já que o Fashion Rio teve um aumento de 53% no número de expositores em relação a janeiro, com 253 marcas. "Começamos a perceber que o Fashion Rio está se transformando no grande formador de moda praia mundial", diz. No próximo ano, Borges promete trazer as principais grifes nacionais de moda praia para desfilar apenas no Rio e não mais em São Paulo.
De 2001 a 2010, o perfil dos destinos das exportações brasileiras se alterou completamente. Apesar dos Estados Unidos ainda serem o primeiro destino, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai deram lugar a Portugal, Itália, França, Japão e até Grécia que, apesar de mergulhada na crise econômica, responde por 5,48% das compras externas da indústria carioca.
Enquanto as exportações do Rio cresceram de R$ 3,4 milhões para R$ 9,3 milhões entre o primeiro quadrimestre de 2001 e de 2010, as de São Paulo caíram de R$ 25,9 milhões para R$ 19,7 milhões e, a catarinense, de R$ 31,1 milhões para R$ 18,6 milhões. Em 2005, os paulistas chegaram a vender R$ 44,5 milhões e, os produtores catarinenses, R$ 37,5 milhões.
Veículo: Valor Econômico