Os dados do setor de food service no País têm crescido num ritmo acelerado nos últimos anos e, em 2010, a previsão é de comemorações. De acordo com Enzo Donna, diretor da ECD Consultoria, especializada na área, nos últimos cinco anos o setor vem crescendo exponencialmente e este ano deve registrar avanço de até 15%. Diariamente, 60 milhões de brasileiros realizam suas refeições fora de casa, ou seja, em torno de 32% da população do País, num montante anual de 22 bilhões de transações comerciais e faturamento em torno de R$ 420 milhões por dia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Alberto Lira, só no ano passado, as redes independentes do food service apresentaram crescimento de 9,7%, enquanto as franquias cresceram 8,5%. "Em 2010 a expectativa é de que, com a retomada do setor no pós-crise, todos os segmentos de alimentação fora do lar apresentem expressivo crescimento." O clima de confiança dos investidores do setor foi de 94,4% no mesmo período de 2009, com expectativas de aumentar em até dois pontos percentuais neste ano, segundo pesquisa feita pela ECD.
Os restaurantes independentes foram os que mostraram mais interesse em investir no setor. Atenta a essa onda de crescimento do setor, a empresa Compass Group se consolida como líder mundial em serviços de alimentação em mais de 50 países e já cresceu 3% este ano. Anualmente, com 386 mil colaborares serve quatro bilhões de refeições em 40 mil unidades operacionais no mundo, o que gera um faturamento de R$ 13,4 bilhões de libras anuais. De seu market share, 16% são da marca GRSA; 9% entre Sapore e Puras e 8% para Sodexo. A GRSA, empresa de alimentação com o maior número de unidades franqueadas no Brasil, faturou entre 2008 e 2009 o montante de R$ 1,5 bilhão, servindo um milhão de refeições diariamente em cerca de 1.800 unidades, o que dá um consumo mensal de 32,5 mil toneladas de alimentos. O crescimento comercial no último ano fiscal, do período entre outubro de 2009 a março deste ano, resultou em 173 novos contratos para o grupo.
Também de olho no mercado, a International Meal Company (IMC), administradora da rede de restaurantes Viena, anunciou o investimento de R$ 20 milhões na expansão da marca, e a ideia é abrir oito unidades do restaurante até dezembro, das quais duas já foram inauguradas -em São Paulo e Porto Alegre- e as seis outras estão previstas para São Paulo e Brasília, que receberá a primeira unidade da marca no início do segundo semestre. A rede Viena, que completa 35 anos, iniciou há três anos uma expansão fora dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Nesse período, foram inaugurados 21 restaurantes, com investimento de aproximadamente R$ 24 milhões. Hoje, a marca tem 96 unidades e emprega quase três mil funcionários. Aproveitando o embalo da Copa do Mundo, a rede lançou a campanha "Torcida que faz bem", como estratégia de marketing para aumentar sua receita.
Comida saudável
Com apenas três anos de atuação no segmento, a rede Seletti inicia neste ano a expansão via franchising e a previsão é finalizar o ano com 20 lojas próprias e franqueadas, com faturamento calculado em R$ 10 milhões. No último ano, a rede registrou crescimento de 40% em comparação com 2008, baseada no faturamento das lojas comparáveis, mesmo com a crise econômica mundial; a empresa estima um aumento de 100% em 2010 e promete dobrar o número de unidades este ano por conta da expansão da rede a outros estados.
De acordo com Luís Felipe Campos, proprietário do Seletti, o objetivo é levar a marca a regiões como o interior do Estado de São Paulo, centro-oeste, norte e nordeste do Brasil, além, claro, de ampliar ainda mais a atuação no sul e no sudeste. "Por meio de parcerias com fornecedores também ganhamos força nos shoppings, e com o fundo de marketing investimos no fortalecimento da marca", afirma.
Números
De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), estima-se que o setor fature R$ 154 bilhões por ano dos mais de dois milhões de estabelecimentos, gerando emprego para aproximadamente seis milhões de brasileiros. Segundo Donna, da ECD, em 2009 o setor gastou em torno de R$ 65,2 bilhões com a indústria de alimentos, entre matérias-primas e insumos. Um dos principais fatores desse crescimento, segundo ele, é que 44% da população economicamente ativa é de mulheres que trabalham fora de sua residência, além do próprio crescimento dos grandes centros, o que faz com que as pessoas trabalhem cada vez mais longe de sua casa. "É um potencial de consumo muito grande, e não só o varejo deve ficar de olho nas oportunidades, mas principalmente a indústria, pois 35% dos gastos de um restaurante correspondem à matéria-prima."
Veículo: DCI