Linha marrom versus a branca

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Itens como TVs, DVDs e aparelhos de som parecem estar à frente de geladeiras e fogões na tendência dos consumidores finais em aliar beleza à tecnologia.

 

Quem compra um aparelho de televisão ou uma geladeira está em busca, basicamente, de tecnologia, praticidade e design. Mas parece que o consumidor encontra muito mais opções na linha marrom, que compreende, além de televisores, aparelhos de som, DVDs e home theaters, do que na linha branca: geladeiras, fogões, máquinas de lavar e microondas.

 

"Os equipamentos de ambos os segmentos são usados dentro de casa. Mas a relação do consumidor com os eletroeletrônicos é diferente", afirma o professor do curso de extensão em gestão de inovação do Istituto Europeo di Design, Marcos Batista. "A venda acontece pelo desejo de tecnologia."

 

Ele analisa que a tecnologia empregada em um fogão, por exemplo, não é tão percebida quanto a encontrada em uma TV. "Os consumidores visam a praticidade na hora de escolher um item da linha branca. Um fogão com tela de LCD pode ser visto pelo cliente como um transtorno. Será difícil combinar calor, gordura, sujeira, com a sensibilidade do equipamento."

 

Para o professor, a tecnologia é absorvida mais facilmente na linha marrom. "Os eletroeletrônicos aliam design à tecnologia e os itens da linha branca à praticidade."

 

Evolução – "Enquanto a geladeira continua sendo uma caixa com isolamento térmico e compressor para fazer gelo, o aparelho de alta fidelidade que fazia sucesso nos anos 1960 virou um iPod." Dessa forma, o coordenador da área de inteligência de mercado da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Sergio Santos, explica a expansão da linha marrom.

 

Ele explica que geladeiras e fogões têm uma limitação de design, para respeitar as exigências de segurança e questões funcionais. Isso já não acontece com os eletroeletrônicos. "Houve pouca evolução. As indústrias se preocupam com a funcionalidade, planejando o espaço interno, criando nichos para latas ou tipos diferentes de prateleiras", diz Santos. "A linha branca não conseguiu se apropriar da tecnologia digital."

 

Consumo próprio – Outro motivo para o grande desenvolvimento da linha marrom, segundo o especialista, é que os aparelhos de televisão e os de som se tornaram itens de "consumo próprio" dentro de uma casa. "A mãe não quer ver futebol, o pai não gosta de novela. E cada um dos filhos também tem preferências. Todos possuem uma TV. O que não acontece com a geladeira, usada por todos."

 

Já para o professor de desenho industrial da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, Marcelo Oliveira, a revolução da linha branca já aconteceu com a transformação técnica do gás para retirar o calor da geladeira. "Na linha marrom, a válvula deu lugar ao transistor até chegar ao que temos hoje. A sociedade hoje valoriza a informação. Isso explica o avanço do segmento, que oferece sinal digital, com os dados chegando via fibra ótica ou por satélite",  afirma o professor.

 

Novidades – Uma dos maiores fabricantes de linha branca, a Multibrás, subsidiária brasileira da norte-americana Whirlpool,  discorda dos especialistas. "A dificuldade em desenvolver tecnologia para um fogão é a mesma do que para uma TV. É necessário levar em conta a análise de mercado, as tendências e o conhecimento técnico", diz o gerente-geral de design e inovação da Whirlpool, Mário Fioretti.

 

Segundo ele, o design leva em conta as necessidades dos consumidores. Uma geladeira pequena por fora e grande por dentro, e um produto que oferece beleza, uma vez que, hoje, a cozinha integra as áreas sociais da casa.

 

"O segmento oferece também tecnologia. Com o sistema frost free, a consumidora não precisa molhar a cozinha toda para limpar a geladeira. Os produtos consomem menos energia. E o equipamento gerencia o resfriamento dos alimentos de forma inteligente", detalha. Fioretti afirma que, no ano passado, foram lançados 160 modelos de produtos. Neste ano, serão 180. A empresa é dona das marcas Consul e Brastemp.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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