Expansão. Empresas brasileiras planejam investir US$ 22 bilhões entre 2010 a 2016 para aumentar a produção; boa parte dessa alta deve ser absorvida pelos fabricantes de papel chineses, que vêm aumentando substancialmente sua participação no mercado global
Depois de se transformar no maior destino das exportações brasileiras de minério de ferro e soja, a China assumiu também o primeiro lugar nas vendas de outra commodity, a celulose, superando a Europa. No primeiro quadrimestre do ano, o país foi o destino de 34% das exportações do produto pelas fabricantes brasileiras.
Esse porcentual é o dobro da participação que o país asiático tinha nas exportações brasileiras do produto até o ano passado, quando sua demanda deu um salto de 135%, chegando a 1,5 milhão de toneladas.
Para atender ao aumento da demanda chinesa e de outros países emergentes, as indústrias brasileiras de celulose planejam investir US$ 22 bilhões no período 2010-2016, o que poderá levar o Brasil da quarta para a terceira posição no ranking global, à frente da própria China.
O presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, lembrou anteontem em Xangai que a empresa está investindo R$ 8 bilhões em duas novas fábricas, no Maranhão e no Piauí, que terão 50% de sua produção destinada à China.
A companhia produz atualmente cerca de 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano, e vai elevar esse volume para 4,3 milhões de toneladas quando as duas plantas estiverem em operação, em 2014.
Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação Brasileira de Papel e Celulose (Bracelpa), disse que os chineses começaram a aumentar suas compras no começo do ano passado, quando o preço internacional da celulose caiu em razão da crise financeira mundial. Em meados de 2009, a cotação do produto ficou em menos de US$ 500 a tonelada, comparada aos US$ 840 do ano anterior. Atualmente, já está em torno de US$ 920.
Novas máquinas. Segundo Elizabeth, a demanda chinesa assumiu natureza "estrutural" no segundo semestre, quando o país anunciou a instalação das três maiores máquinas de fabricação de papel do mundo - uma das quais com capacidade de produzir 1 milhão de toneladas por ano.
Em 2009, o Brasil respondeu por 50% das importações de celulose feitas pela China, que anualmente produz 90 milhões de toneladas de papel e quer se tornar um dos líderes mundiais do setor.
"A produção de papel na China cresce 4 milhões de toneladas por ano, o que é quase metade da produção total do Brasil, de 10 milhões de toneladas de papel", disse Maciel depois de encontro do Conselho Empresarial Brasil-China. Atualmente, 35% do que a Suzano produz de celulose é destinado à China.
Com os investimentos previstos para o período 2010-2016 no setor, Carvalhaes estima que a produção brasileira de papel poderá passar dos 10 milhões atuais para 14 milhões de toneladas. A presidente da Bracelpa lembrou que o Brasil tem a maior floresta plantada do mundo, com 7 milhões de hectares, certificada por organismos internacionais.
Elizabeth afirma que a produção brasileira atende à crescente exigência chinesa de usar processos industriais sustentáveis, em resposta à pressão internacional. "A China joga na atmosfera 12 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que faz com que o crescimento do país custe muito à humanidade em termos ambientais."
Além de ser certificada, a floresta plantada brasileira é formada basicamente por eucalipto, que é a árvore que mais absorve carbono, diz a executiva. "Os 7 milhões de hectares de floresta retiram da atmosfera 1 bilhão de toneladas de carbono por ano", afirmou.
Volume
13,4 milhões
de toneladas foi a produção de celulose no Brasil no ano passado, um crescimento de 6% em relação ao ano anterior
8,2 milhões
de toneladas desse total foram destinadas às exportações
Veículo: O Estado de S.Paulo