Empresário do Paraná comanda 158 lojas e três fábricas

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O empresário Mário Valério Gazin, fundador da empresa que leva seu sobrenome e que fatura R$ 1,35 bilhão com as 158 lojas de móveis e eletrodomésticos e três fábricas de estofados e colchões que possui espalhadas em nove Estados, troca seu cartão de visitas todos os anos. Nele estão sempre impressas as metas de cada ano. Em 2010, por exemplo, quer vender R$ 120 milhões por mês e ter lucro anual equivalente a 3,5% do faturamento.

 

Recentemente, ele viu crescer comentários de que seria alvo de aquisição de grandes varejistas nacionais, mas garante que não fará parte do movimento de consolidação das redes. "A Gazin ninguém compra enquanto eu estiver vivo", afirma ele, que está com 60 anos de idade e criou a empresa há 43. O empresário admite que, uma vez, cinco anos atrás, chegou a pensar em vender as lojas porque estava desanimado com a complexidade contábil do país. "Apareceu comprador no mesmo dia", conta. Tratava-se do Ponto Frio, que depois acabou sendo comprado pelo Pão de Açúcar. Antes de o negócio ser fechado, Gazin mudou de ideia. "Comecei a ficar triste e um irmão que sabia da história me perguntou o que eu faria com o dinheiro. Falei que eu ia morrer", diz.

 

No momento, Gazin negocia a compra de cinco lojas, em local não revelado. Trata-se de sua segunda aquisição. A primeira foi há 12 anos. "Me arrependo até os cabelos", confessa - acabou fechando três dos quatro pontos que entraram naquela transação. O empresário, que costuma chamar empregados e outras pessoas com quem conversa de "filho" ou "filha", tem linguajar simples e mora em Douradina, no noroeste do Paraná. Mas formou-se em administração de empresas e usa avião particular para percorrer as longas distâncias que separam a sede dos pontos de venda, das fábricas e dos centros de distribuição.

 

Além do Paraná, a Gazin opera em mais oito Estados: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Tem 4.080 empregados e, em julho, vai abrir uma nova fábrica de estofados e colchões na Bahia. Será a quarta unidade fabril, de um total de 10 previstas até 2019. O empresário explica que não dá para carregar sofá e colchão para muito longe.

 

Ele entrou no ramo nos anos 90 e lembra que chegou a cortar um pedaço de um colchão de um hotel em Nova York para saber como era feito. Ele estava descontente com a qualidade de seus produtos.

 

Mas é no varejo que o grupo ganha mais dinheiro. Cerca de 45% do faturamento é obtido nas lojas, seguido por atacado e televendas (38%) e nas fábricas (12%). Na segunda-feira, ele abriu uma loja em Campo Grande (MS) e usou a mesma estratégia do passado. "Meus caminhões passam por lá todo dia", explica.

 

Foi na década de 60 que Gazin convenceu o pai, um pequeno agricultor, a investir na compra de uma loja em Douradina. Ele começou a trabalhar aos 11 anos e, na ocasião, tinha 17. Depois toda a família foi ajudá-lo e os cinco irmãos viraram sócios.

 

Em 1975, após uma forte geada queimar os cafezais do Paraná, o caminhão que era usado na entrega de mercadorias passou a ser contratado para levar mudanças para outros Estados.

 

Gazin ia conhecendo as cidades e abrindo filiais para atender os antigos clientes. Até hoje a rede depende de bons resultados na agricultura para atingir as metas, porque tem forte atuação em municípios do interior. Por isso, 2010 é visto com otimismo.

 

A meta é chegar a um faturamento de R$ 1,445 bilhão. Sobre o futuro, ele diz que o grupo já tem candidatos à sucessão e que planeja parar de trabalhar daqui a cinco anos. "Não posso dizer que vou curtir a vida, porque já faço isso."

 

O empresário diz que ficou preocupado ao ver notícias sobre a Gazin nos últimos meses e chegou a contratar uma consultoria "para atestar a solidez" do grupo. "Tenho medo de que falem da empresa. Vi muitas que pareciam bem quebrarem pouco tempo depois", explica ele, que acredita que o movimento de fusões e aquisições vai continuar.

 

Questionado se uma boa proposta poderia fazê-lo pensar em vender a Gazin, ele afirma que isso não está nos planos e que sequer tem sido sondado pelos concorrentes. " Até agora ninguém me ligou. O que estão falando por aí é tudo mentira."
 


Veículo: Valor Econômico


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