Sanofi afina estratégia para Medley

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Farmacêutica: Grupo investe US$ 145 milhões para ampliar duas fábricas e construir outra


 
A companhia francesa Sanofi-Aventis não quer ficar em uma zona de conforto. Líder em medicamentos de prescrição médica, no varejo farmacêutico (OTC) e em genéricos no Brasil, a partir da compra do laboratório nacional Medley, feita em abril de 2009, a companhia está investindo cerca de US$ 100 milhões na ampliação de duas de suas três fábricas, instaladas em Suzano, Grande São Paulo, e Campinas (SP), e vai erguer sua quarta unidade no país, em um aporte de US$ 45 milhões.

 

Em entrevista ao Valor, Heraldo Marchezini, presidente da farmacêutica no país, disse que o grupo tem planos ambiciosos para o Brasil, que deverá se tornar até o fim de 2011 o quinto maior mercado para a Sanofi no mundo - atualmente oscila entre a sétima e oitava posição.

 

A aquisição da Medley, por cerca de € 500 milhões, ajudou a consolidar a liderança da companhia no Brasil. Antes da compra do laboratório nacional, a empresa tinha uma participação pequena em genéricos. Agora, a Medley deverá ser o guarda-chuva da companhia francesa para sua expansão na América Latina. "Trabalhamos para ter a marca de Medley em outros países latino-americanos", afirmou. Para tocar os negócios da Medley no Brasil, a Sanofi repatriou o executivo Décio Decaro, que presidia a Sandoz, braço genérico da suíça Novartis, na Espanha, que chega à companhia em julho.

 

Marchezini brinca ao dizer que a Sanofi-Aventis não descobriu o Brasil recentemente. "Temos a liderança nos emergentes, com o Brasil em primeiro lugar, mais importante do que a China. O Brasil é um país estratégico para nós há muito tempo. Não descobrimos o país agora", disse.

 

Com posição consolidada em vários segmentos no país, a empresa está investindo US$ 45 milhões para erguer sua quarta fábrica no país para produzir hormônios genéricos. A unidade será construída em Brasília e deverá entrar em operação a partir de 2012, podendo exportar para países da América Latina. Outros US$ 100 milhões estão sendo aplicados desde o ano passado para ampliar a produção das unidades de Suzano, que pertence à Sanofi, e a de Campinas, absorvida com a Medley.

 

A unidade de Suzano já é a maior da Sanofi no mundo e junto com a de Campinas produzirão cerca de 450 milhões de caixinhas de medicamentos, dos quais de 10% a 15% são exportados. "O mais importante da estratégia da Sanofi é a diversidade, aplicada geograficamente no mundo e no Brasil", disse. O país já possui a segunda maior produção industrial em volume do grupo, atrás da matriz francesa. A companhia possui um centro de desenvolvimento em Suzano e outro em Campinas, com equipes trabalhando na extensão de linha de produtos da Sanofi. "Em Campinas, o pessoal trabalha em genéricos que vão surgir nos próximos anos dentro da realidade do Brasil", disse Marchezini. As versões do Viagra e do Lipitor, da Pfizer estão na mira da empresa.

 

Com receita bruta de R$ 4,03 bilhões no Brasil, que inclui oito meses de operação da Medley, cerca de 95% dos medicamentos que a companhia comercializa no mundo já perderam a patente. O faturamento global do grupo atingiu € 29,3 bilhões.

 

Apesar de trabalhar com medicamentos que já não possuem patentes, a companhia mantém pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para lançamento de novos produtos. A empresa tem entre seus medicamentos mais vendidos, produtos de inovação e os remédios maduros, como o Dorflex, por exemplo, líder no país.

 

Com liderança global em vacinas, a farmacêutica mantém no Brasil, por meio da Sanofi Pasteur, acordos de transferência de tecnologia com o Instituto Butantan para a vacina da gripe suína H1N1. "O mercado de vacinas no mundo cresce acima de dois dígitos. No Brasil não é diferente. Vamos fazer estudos clínicos no país para a vacina da dengue", disse Marchezini.
 


Tática de 'guerra' para a venda do Viagra genérico

 

Um batalhão de 240 pessoas estará nas ruas a partir de hoje para colocar a versão genérica do Viagra, produzida pela EMS, maior laboratório nacional, nas farmácias do país. A patente do medicamento, que pertence à Pfizer, perdeu a validade ontem. A tática é de guerra. Uma equipe com 1.500 pessoas da companhia fará ações junto aos médicos para divulgar o remédio similar de marca da farmacêutica.

 

A EMS e suas empresas controladas - Sigma Pharma, Legrand, Germed - vão colocar no mercado quatro versões genéricas (princípio ativo citrato de sildenafil) e quatro similares, que serão comercializadas com as marcas Suvvia (que significa venha em italiano), Ah-Zul, Vasifil e Sollevare (tradução de levantar em italiano). O Suvvia será a única pílula na cor branca, disse Waldir Eschberger Jr., vice-presidente de mercado da EMS. O restante - genérico e similar - será na versão azul.

 

A EMS foi a primeira do país a obter autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercializar genérico e similar do Viagra. Na fila, outras companhias, entre elas a Eurofarma, Sanofi-Aventis, Aché e a própria Pfizer, pretendem entrar na disputa dos genéricos.

 

O clima é de competição acirrada. A partir da zero hora de hoje, a EMS colocará à venda seu lote de desenvolvimento das versões do Viagra, disse Eschberger Jr. A Pfizer decidiu reduzir em 50% o preço do remédio para concorrer com as novas cópias. A EMS vai vender cada pílula a R$ 10, com embalagens para um, dois, quatro ou oito comprimidos. A Pfizer também terá venda por unidade, a R$ 15. A americana Eli Lilly, que comercializa o Cialis, medicamento líder em disfunção erétil, informou que não vai entrar nessa guerra de preços. O produto será vendido a R$ 28 a unidade, informou Luciano Finardi, diretor de marketing da companhia. Cada embalagem do Cialis vem com dois comprimidos. Segundo ele, o diferencial é a eficácia: de 36 horas, ante de quatro a seis horas, garantidos pelo Viagra e suas cópias.

 

Os investimentos da EMS nas cópias do Viagra foram de cerca de R$ 20 milhões. Eschberger acredita que o medicamento tem tudo para se tornar o "blockbuster" (campeão de vendas) da companhia nos próximos meses. "Queremos ser líderes até o fim do ano. Isso será mais fácil do que o Brasil ganhar a Copa do Mundo", brincou o executivo, que vestiu a camisa da seleção a pedido do Valor.

 

O mercado de medicamentos voltados para disfunção erétil pode chegar a R$ 500 milhões por ano no país, com a entrada dos genéricos e similares. A receita da Pfizer com o Viagra é de R$ 160 milhões por ano. Na Eli Lilly atinge R$ 235 milhões (faturamento bruto), segundo a consultoria IMS Health. Estimativas indicam que 500 mil brasileiros consumem remédio para disfunção erétil por ano - as vendas atingem 19,5 milhões de comprimidos. (MS)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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