Sozinhas e muito bem

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Com controle familiar, companhias mineiras passam longe da onda de fusões e aquisições. Mas venda ou compra não é descartada

 
 
Há duas décadas, o Bretas Supermercados, que segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) é a maior rede de capital 100% nacional do ramo no Brasil e a sexta do ranking geral no país, vem recebendo propostas para ser comprado. Esse longevo interesse tem razão de ser. Nascido em Santa Maria de Itabira, município da Região Central do estado, onde vivem cerca de 11 mil pessoas, o Bretas vai investir R$ 70 milhões este ano em projetos de expansão nos estados de Minas, Goiás e Bahia. Estevam Duarte de Assis, presidente do grupo, que tem como sócios sete irmãos e 12 primos, planeja fechar 2010 com 71 lojas. Eram 59 no início do ano. Mas o assédio não o convenceu, pelo menos até agora. “Nossa família é muito simples e humilde e gostaríamos de tocar a empresa até quando pudermos. Só venderemos se houver uma ameaça muito grande”, diz. Mesmo nesse caso, ele admite a possibilidade de vender apenas “uma parte”.

 

O executivo navega contra a maré de fusões e aquisições que tomou conta do mercado brasileiro, na qual as grandes empresas prometem engolir as pequenas. Pesquisa realizada pela KPMG nos três primeiros meses deste ano mostra que no período foram realizadas 160 transações de fusão e aquisição, 16% acima do registrado no trimestre anterior, e 58% maior na comparação com o primeiro trimestre de 2009. Analisando pelo tipo de transação, 75% do total das 160 operações foi liderado por empresas brasileiras. Entre estas, 88 foram domésticas – na qual uma empresa brasileira adquire outra nacional, 16 foram de brasileiras comprando de estrangeiros no exterior, e outras 16 de brasileiras adquirindo de estrangeiros no Brasil.

 

No entanto, organizações como o próprio Bretas, Vilma Alimentos, Grupo Algar e Laboratório Hermes Pardini, entre outras, conquistaram seu lugar ao sol no mercado sem se associar a outras companhias. “A consolidação é uma tendência natural, mas as empresas brasileiras devem continuar existindo”, defende Estevam Duarte. “O movimento de fusões e aquisições é natural; porém, ao mesmo tempo existem várias empresas novas surgindo. A base da economia não é formada pelas empresas globais, mas pelas menores”, observa Luiz Alexandre Garcia, presidente do Grupo Algar, que vai investir R$ 370 milhões este ano e conta com 17 mil empregados. O conglomerado prevê um crescimento de 10% este ano, ancorado, principalmente, nas áreas do agronegócio, tecnologia da informação e telecomunicações. O próprio crescimento do Grupo Algar vem sendo feito por meio de expansão própria e também por aquisições.

 

Apesar de estarem vendendo saúde, o papel de compradoras ou vendedoras protagonizado por empresas que optaram por manter a sua formação original pode ser trocado a qualquer momento. Isso ocorre porque, quando elas se fortalecem, transformam-se em alvo de cobiça dos grupos maiores. Ao mesmo tempo, mais robustas, passam a ter musculatura para comprar concorrentes de menor fôlego. “De repente, você está no mercado e pode ser um comprador. Ou pode estar na mira de uma empresa maior interessada em fusão ou aquisição”, explica o presidente da Vilma Alimentos, Domingos Costa. Ele comanda um negócio que está em sua terceira geração e que há três anos comprou a marca de temperos Pirata. Assim como Estevam Duarte, do Bretas, Costa não descarta a possibilidade de “somar estratégias” com outra organização, caso seja necessário. “São decisões que não podem ser ditadas pelo sentimento”.
 

 

Veículo: O Estado de Minas 


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