Novas regras mudam dia-a-dia das drogarias

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O varejo farmacêutico espera a definição sobre a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamenta a prestação de serviços nas farmácias do País e retira de gôndolas e prateleiras medicamentos vendidos sem receita.

 

O assunto volta à tona com o julgamento do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), previsto para as próximas semanas.

 

Assim, redes do varejo farmacêutico terão de investir mais em mão de obra qualificada e infraestrutura das lojas para continuarem a ser competitivas e não perderem as vendas por impulso.

 

Segundo Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácia e Drogaria (Abrafarma), de acordo com a Lei, as farmácias e drogarias ficam proibidas de comercializar medicamentos isentos de prescrição (MIP) fora do balcão. Estes equivalem a 20% do faturamento do setor. Com a restrição, redes como a Drogaria São Paulo temem perder vendas. "A RDC [Resolução da Diretoria Colegiada] pode impactar negativamente as vendas. Vai demandar mais trabalho ao balconista", afirmou ao DCI Ronaldo de Carvalho, presidente da Drogaria São Paulo, que agora se tornou a líder do setor, em termos de faturamento, depois de adquirir, na semana passada, a rede paulista Drogão. A Drogaria São Paulo, com esta estratégia, passa a projetar um faturamento médio de R$ 2,5 bilhões para este ano.

 

Ano passado, o varejo farmacêutico como um todo movimentou cerca de R$ 15 bilhões, e a expectativa deste ano é de um incremento de 25%. Números tão atrativos como esses mobilizam ações como as da Feira do Setor Farmacêutico (Econofarma), que para auxiliar as empresas varejistas organizou o fórum sobre a RDC- 44/09, em parceria com a Roche, a maior empresa de biotecnologia do mundo, que em 2009 registrou vendas de 49,1 bilhões de francos suíços.

 

Com as mudanças das regras do setor, buscar alternativas para a adequação no canal de venda é a palavra de ordem do mercado. Uma das estratégias que as redes usarão para fidelizar clientes agora é a de oferecer serviços como medição de pressão e temperatura, teste de glicemia e aplicação de brincos, antes proibidos pela Anvisa. Segundo Valdemir Skirgaila, consultor de varejo, a cobrança é facultativa.

 

Outra medida exposta no evento para garantir a rentabilidade das redes é a "Farmácia Modelo" que oferece ao empresário, uma loja, com os balcões todos de vidro, até a parte de baixo, garantindo assim a exposição dos MIP. Em um espaço de 50 metros, o custo da reforma com esse tipo de mobiliário gira em torno de R$ 15 mil. "Pensamos na farmácia, acima de tudo, como um ponto comercial. Sem a exposição, vai diminuir a venda por impulso", afirma Skirgaila.

 

A Abrafarma tem como associadas 28 redes de farmácia e vê a medida como perda para o consumidor, que passa a depender do auxílio do profissional da drogaria para efetuar a compra. Outro destaque é o aumento de preços, que, caso aconteça a diminuição da demanda, pode ocasionar também menos oferta. Segundo Barreto, presidente da entidade, o setor cresceu nos últimos quatro anos a taxas médias de 25%, atraindo fundos de investimentos nacionais e internacionais, mas agora, com as restrições, este cenário pode mudar.

 

Lançado durante a Econofarma em São Paulo, o site www.espaçoude.far.br surge como nova opção de informações ao mercado. Esta parceria entre a Roche, a distribuidora Santa Cruz e a Omron foi criada para oferecer um treinamento on-line para os estabelecimentos que desejam prestar serviços de atenção farmacêutica, e deverão necessitar de mais informações e orientações.

 

O fórum teve participação de 200 farmacistas e destacou que, com a determinação da agência regulatória, os estabelecimentos passaram a ser considerados centros de atenção farmacêutica. A ideia foi mostrar que a área de atuação desses estabelecimentos foi ampliada: além de vender medicamentos, as farmácias podem agora prestar serviços.

 

Econofarma

 

Entre os dias 7 e 8 de outubro próximo, a Região Nordeste do Brasil receberá a feira do setor farmacêutico pela primeira vez, o que demonstra a atenção ao crescimento da região, que desponta como menina-dos-olhos de vários segmentos do comércio varejista, como a disputa territorial das maiores redes supermercadistas, por exemplo. Vale lembrar ainda que redes como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart têm dominado o crescimento do varejo farmacêutico, com a abertura de várias lojas de marca própria, um nicho que surgiu há alguns anos e se mantém forte ainda, com a atenção desses conglomerados afoitos por abocanhar e fidelizar clientes para suas lojas.

 

No meio dessa disputa das redes de bairro, das bandeiras tradicionais e renomadas e das drogarias dos supermercados, a feira do setor acontecerá no Centro de Convenções de Pernambuco, em Recife; a ideia de fazer um evento como este, segundo Paulo Heitor Lopes Bruno, diretor da PH Eventos, a organizadora da feira, decorre do crescimento do consumo na região.

 

Na capital paulista, o volume de negócios da feira girou em torno de R$ 30 milhões. A 8ª edição da Feira do Setor Farmacêutico contou com a participação de mais de 100 expositores da indústria de medicamentos, cosméticos, e móveis e equipamentos de farmácia e drogaria. Mais de 7 mil pessoas, dentre as quais farmacistas, decisores de compras e representantes de redes de drogaria, tiveram dois dias para conferir lançamentos e tendências, e fechar negócios.

 

Varejo farmacêutico espera a definição do STJ, nas próximas semanas, de nova regra que regulamenta prestação de serviços nas farmácias e proíbe que medicamentos sejam expostos em prateleiras, entre outros.

 


Veículo: Valor Econômico


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